Ei, por que
sempre desvias o teu olhar quando vou de encontro a ti? Por que nunca
me olhas diretamente nos olhos como eu o faço? Acaso não sabes que
também tenho feridas e que elas sangram diariamente assim como as
tuas? Afinal, são elas que nos reafirmam que somos humanos e que nos
motivam a andarmos de modo cauteloso entre os arbustos espinhosos da
vida. Tuas feridas, mulher, nos aproximam mais que tu podes pensar.
Ei,
mulher, por que tu nunca ergues teu olhar pra me ver? E por que
insistes em não deixar cair essas lágrimas que te turvam as íris?
Deixa que caiam, mulher! E no seu percurso, permita que elas lavem
tua alma de todas as impurezas, mazelas e dores. Ao contrário do que
pregam por aí, mulher, chorar não é análogo a ser fraco. É
sinônimo de ser forte, de ter asseio com o próprio espírito, é
permitir esvaziar-se das coisas que fazem mal para que os espaços
possam ser preenchidos de novos e bons sentimentos.
Então,
mulher, por que te privas das coisas que tanto gostas? Por que te
fechas, te enclausuras, te amordaças perante tudo e todos? Ainda não
te cansaste de viver para os outros, de viver para um mundo que não
vive por ti? Tu, mulher, és livre para ser e viver o que bem
entendes. Tuas tarefas estão sempre em dia e não há com o que se
preocupar senão contigo mesma.
E por que
ainda te importas com as falácias sobre a teu respeito? E não, não
deves abaixar a cabeça para que não a percebam na rua e comecem a
murmurar. E não, não deves vestir-se de acordo com o que pensam
sobre ti. E mais uma vez não: não deves andar na linha que
desenharam para ti no chão a giz. Tu nem sabes onde ela vai te
levar. Desenhe, tu, tua própria linha. E não a giz, desenhe-a com
tinta spray, daquelas que nem a chuva e nem o tempo possam
apagar, para que saibam que tu, mulher, não deves nada a ninguém e
és capaz de trilhar teus próprios caminhos.
Tu,
mulher, não deves dar ouvidos àqueles que, sequer, conseguem
chamá-la pelo nome. As pessoas têm o péssimo hábito de acharem
que são donas da vizinhança e juízas do quarteirão. Mas tu não
tens porque sentir-se ré perante nenhuma dessas pessoas. Nunca
entristeça-se, abaixe tua cabeça ou concorde com quem muito fala de
ti e pouco faz pra te auxiliar. Essas pessoas, mulher, não te
conhecem assim como eu e jamais saberão o quão fantástica tu podes
te tornar. Elas, na verdade, procuram justificar suas fraquezas
criando outras diferentes a sua volta.
Ei,
mulher, não prives o mundo de ver teu sorriso que é luz em meio à
escuridão. Não deixes que o maior presente que Deus te deu se perca
em meio ao caos que é viver. Tu, mulher, és vida, és garra, és
força. Tu és o melhor da tua raça!
Professorzim brasiliense, formado em letras, amante de (boa) música e rato de jogos online. Um cara que não é um poeta, mas que se arrisca a brincar com as palavras. Nem de longe um boêmio, tampouco um insensível nato. Gosta de ficar em casa enchendo os "pacovás" das irmãs e ouvindo o cantarolar de sua mãe. Coleciona fotos e lembranças das viagens que já fez e planeja muitas outras. Alguém que agradece a Deus diariamente o dom da vida e a graça de ter uma família com quem pode contar.
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