Ontem à noite peguei minha bolsa e
resolvi que arrumaria ela. Despejei tudo o que estava dentro: chaves,
maquiagem, comprovantes de cartão, moedas e uma infinidade de tranqueira que
mulher carrega. Peguei duas nécessaires e dividi da seguinte maneira: uma para
as maquiagens e outra para produtos de higiene. Na bolsa de maquiagem havia um
pouco mais de dez batons, pincéis e algumas sombras. Separei os batons que não
usava com frequência e os guardei em uma maletinha. Deixei apenas o essencial.
Na outra bolsinha separei uma escova
de dente – antes havia duas, fio dental, antisséptico bucal e um protetor
solar. Antes de finalizar juntei os remédios que estavam espalhados dentro da
bolsa: dipirona, omeprazol, labirin e tantos outros que me fazem parecer hipocondríaca,
quando na verdade sou apenas cautelosa. Separei todos, organizei e coloquei em
um compartimento dentro da bolsa. Tudo organizado. Tudo arrumadinho.
Por que resolvi arrumar tudo isso? Só
por que estava bagunçado? Não. Enquanto tomava banho lembrei de uma palestra
que participei na adolescência que dizia o seguinte: “sua bagunça reflete o seu
estado de espírito e o que há em seu coração”. Uma das novas metas, não somente
para o próximo ano e sim para a vida, é me livrar dos excessos, deixar a minha
alma cada vez mais limpa e o meu coração livre de entulhos. Pode parecer
esdrúxula a comparação, mas eu realmente afirmo que não é.
A gente carrega tanto peso
desnecessário, tantas mágoas que poderiam ser vencidas, tantas pessoas que nem deveriam
povoar os nossos pensamentos. Isso tudo porque somos apegados demais ou porque
não aprendemos a dizer adeus. Olhar para o nosso interior e para o nosso redor
com um olhar mais clínico nos faz perceber que às vezes vivemos em meio a
restos emocionais por pura permissão.
Ontem eu arrumei a minha bolsa, mas mais que
isso: eu arrumei meu coração.
Pâmela Marques é escritora, musicista e apaixonada. Tem alguns títulos acadêmicos, mas o que realmente importa é que ela vive para arte. É fã alucinada de Roxette, amante de Caio Fernando Abreu e admiradora de Tolkien.
Nenhum comentário:
Postar um comentário