fotografia: maud chalard
A gente entra em um relacionamento pensando que é para sempre. Quando eu abri a porta pra você, quando dei as chaves do meu coração, imaginei que você se acomodaria e faria de mim o teu lar. Pensei que seria a tua morada perpétua e que seríamos para sempre um. E, sem mais nem menos, sem aviso prévio, eu te vejo indo embora da minha vida. Olho para as gavetas e vejo espaço demais em contrapartida aos teus vestígios deixados em cima da cômoda. Tudo é tão doloroso, meu amor. Tudo é tão sem sentido. É como se a minha vida tivesse sido uma passagem – uma espécie de ponte –, e você tivesse somente passado por ela. Como quem atravessa uma avenida por pura falta de opção.
Eu fiquei ali, vendo você passar. Carregava nos olhinhos o brilho de um coração apaixonado, e no peito a esperança de você resolver parar e ficar por ali, observando e absorvendo a vida comigo. Eu quase gritei para que você olhasse para trás, mas não o fiz. O grito ficou entalado na garganta, fazendo companhia para todas as palavras bonitas que um dia te disse, mas que me forcei a engolir de volta, amargamente. Quase não dava para respirar, enquanto vi você riscando as linhas da nossa história, enquanto vi você virando a página do nosso livro – sem sequer me levar contigo.
É triste olhar para a nossa história e constatar que “alguns amores não foram feitos para durar”. É difícil contemplar os nossos dias, voltar à mente para alguns episódios, sem ter vontade de revivê-los. O que eu faço com as lembranças que martelam, insistentemente, em minha cabeça? O que eu faço com os meus dias que se apequenaram devido a tua ausência? O que eu faço com os milhares de fotos que ocupam 89% da memória do meu celular? O que eu faço com as minhas séries, com minhas músicas, sem você para me acompanhar? O que eu faço com tantos por quês?
São perguntas sem respostas.
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MAFÊ PROBST.
Santa Catarina. Escritora, blogueira e engenheira. Praticamente uma hipérbole ambulante. Autora de Saudade em Preto e Branco. Tem dezenas de projetos em andamento e sonha abraçar o mundo. Colecionadora de sorrisos, dentes-de-leão e clichês.
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Pâmela Marques é escritora, musicista e apaixonada. Tem alguns títulos acadêmicos, mas o que realmente importa é que ela vive para arte. É fã alucinada de Roxette, amante de Caio Fernando Abreu e admiradora de Tolkien.
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