Eu esperei você me telefonar, andei grudada com o celular por todo o canto, recusei ligações com receio de você desistir ao ligar e perceber que eu já estava ocupada com algo. Torci todos os dias para ouvir o interfone tocar e ser o porteio anunciando a sua chegada. Eu vi o sol nascer no mar, sem seu ombro para apoiar a cabeça mais vezes do que desejei — e te imaginei comigo em cada uma delas.
Você nunca veio, não mudou de ideia e nem quis me ouvir batendo o pé pedindo para ficar. Não ligou, não combinou com o porteiro para entrar sem anunciar sua chegada, só para me surpreender. A tela do meu celular nunca mais viu seu nome e, ainda assim, tem tanto de você por aqui. Você foi embora e deixou sua marca em todos os cômodos.
Por um bom tempo a minha vida ficou estagnada e tudo permaneceu do jeito que você deixou, eu torcia para você voltar e encontrar as coisas nos mesmos lugares. Mas chega uma hora que a gente cansa, sabe? Essa espera maltrata e a saudade bate toda noite, só que eu estava farta de apanhar por uma ausência de alguém que nunca teve a pretensão de ficar. Aí eu transbordei, meu bem. Chorei rios de lágrimas, com a péssima ideia de que a culpa era minha, mas no fundo eu sabia que tinha te dado todos os motivos para ficar e você não quis.
Até que acordei um dia, com um clique, em uma madrugada qualquer, percebi que todo meu tempo estava sendo desperdiçado por alguém que jamais soube ver o melhor de mim. Eu comecei a entender então, que toda essa minha espera — antes inútil — tinha servido de algo, porque ela me mostrou que uma falta de resposta é a melhor resposta que se pode esperar de alguém.
Eu precisei ter meu coração quebrado para aprender a juntar os pedaços sozinha e entender que é melhor aceitar a minha própria companhia do que me diminuir para caber em qualquer canto e, meu amor, eu sou gigante demais para você.
Eu precisei ter meu coração quebrado para aprender a juntar os pedaços sozinha e entender que é melhor aceitar a minha própria companhia do que me diminuir para caber em qualquer canto e, meu amor, eu sou gigante demais para você.
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MARI GUIMARÃES
22 invernos, escritora do livro "E se fosse verdade?". Mineira que vive no Espírito Santo, estudante de Oceanografia, apaixonada por café, livros e escrita desde quando aprendeu a identificar as primeiras letras. Encontrou lá toda a coragem que não tem pra dizer aquilo que vem à cabeça. Aquele eterno e irritante clichê que isa as palavras como seu refúgio. Não fala pelos cotovelos, mas escreve como um furacão.
Adorei o parágrafo final. Lição linda de amor próprio♥ Parabéns pelo texto, Mari.
ResponderExcluirObrigada! <3 Muito bom ler isso, faz um bem danado.
ExcluirMari, que texto mais incrivelmente lindo! Eu já tive que me encolhei demais para caber em corações pequenos também, e conseguir se libertar é algo sensacional ♥ me vi tanto nessas tuas linhas, que cê não faz ideia!
ResponderExcluirBeijo
A sensação de perceber que a gente não precisa se diminuir para caber na vida dos outros é maravilhosa. E se libertar disso é melhor ainda!
Excluir<3
O final foi de fato um final, fechando com chave de ouro.
ResponderExcluirTexto maravilhoso!
Obrigada! Dar a volta por cima e saber o seu tamanho é digno de aplausos. <3
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