“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.
Forte eu sou, mas não tem
jeito, hoje eu tenho que chorar.”
Fernando Brant e Milton
Nascimento
E tem dia que eu choro. Não dá pra ser forte o tempo todo.
Não consigo conviver, ainda, com a saudade e cada lembrança sua me faz te
sentir aqui. É incontrolável esse desejo por seu cheiro, por seus olhos, por
seu gosto, por seu toque, por tudo que vem de você. Minha pele ainda te chama e
a única coisa que acontece é que a noite se arrasta.
Alguns casais não acontecem pra ser romance e não éramos pra
ser – não naquele momento. Minha mão suava muito na sua, daí a impossibilidade
de caminharmos de mãos dadas. Estávamos sempre ocupados demais pra nos olhar,
mas a caixa de e-mail vivia lotada (quanta ironia!). Estávamos cansados demais
pra nos abraçar, doloridos demais pra nos doar. E o que era pra ser amor se
transformou num jogo de empurra-empurra das horas.
Você tinha mesmo que ir. Nossas chances eram nulas. Seu
coração é do mundo, sempre foi, e seu destino será sempre a solidão – mesmo
você acreditando piamente que o nome disso é liberdade. E eu achava que o
caminho estava florido e perfumado, tudo no seu gosto, mas não era bem assim,
tudo era bonito pra mim, estava enfeitando pros meus olhos. Talvez seus olhos
não conseguissem captar.
Todas aquelas palavras de adeus ecoam como xingamentos na
minha memória e dói. Consigo sentir tudo como se fosse agora. É insuportável
tocar os dias com a certeza de que não somos e nem seremos mais. O que restou
foi muita saudade e esse meu lamento intacto.
Você se foi e eu também – mesmo que aqueles momentos vez ou
outra me visitem. Nosso amor permaneceu nas entrelinhas e aprendemos a conviver
com tudo que passou. A saudade cicatrizou alguns desejos e algumas perguntas
tomam conta dos dias. Não sei o que nos tornamos e nem se você ainda pensa em
mim. Eu sei que reservo alguns dias, sem pré-agendamento, pra pensar em você e
chorar também com saudade.
Eu gosto de pensar que todas as pessoas são
eternas, não fosse assim as lembranças não existiriam. A falta, a perda, assim
como o não, são fontes de aprendizado, mesmo que pareça afundar um buraco no
peito.
"(...) Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer (...)"
Fernando Brant e Milton Nascimento
Bravo!
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