O amor é brega
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Lembro como você gostava de fotografias, e as fotos mais bonitas que tenho são aquelas que, secretamente, você tirou de mim. Vou te confessar que eu disfarçava bem, mas sempre soube que estava sendo fotografada por esses teus olhos de leão. Ou, vai ver, você quem fingia crer que eu não te absorvia da mesma maneira, e fingia que era segredo todos esses cliques de mim.

É. Eu sei que não estou falando nada com nada, mas é que estou numa urgência tua tão grande que preciso só por para fora tudo de saudade que pulsa do lado de dentro. Eu cutuco a ferida, você sabe. Então, na saudade antiga tua, fui atrás das tuas fotos perfeitas, querendo saber mais dos teus caminhos. Sabe? Saber qual estrada você tem passeado, qual comida tem experimentado. Queria mensurar o tamanho do teu sorriso e saber se ele (a)tinge tua íris.  Das memórias tuas, lembro bem o quanto você gostava de fotografias.

Então foi um bocado frustrante ver que não havia nada novo, sabe? Eu vejo tudo parado na tua volta e fico querendo saber porque você estacionou no tempo. Me deu vontade de te perguntar da vida e talvez seja por isso que eu estou aqui agora, te encarando nos olhos e com uma vontade imensa de te abraçar. Daqueles abraços de urso que só você sabia dar. Sabe?

Mas você não me vê. Você não me nota. Tua retina não me fotografa como antigamente. Vem. Diz que está tudo bem. Põe uma mecha para trás da minha orelha, passa teus dedos nas minhas bochechas e me puxa praqueles beijos demorados e doces. Segura minha cintura um pouco, aperta. Me queira perto. Me encara. Daquele jeito profundo. Me faz perder o ar dentro dos teus olhos de piscina.

Eu lembro bem como você gostava de fotografias, e as fotos mais bonitas que tenho são aquelas que, secretamente, você tirou de mim. Mas você não me fotografa mais. E sinto falta das vezes que posei sem saber. Sinto falta das vezes todas que você me emoldurou só pra você.
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Eu morava numa casa pequena, mas era enorme a quantidade de tralhas que eu guardava. Desde imãs de geladeira, até caixinhas com conchas que recolhi pelas praias por onde passei. Guardei milhares de folhas com letras de músicas que embalaram minha adolescência, minha fase ainda-adolescente-quase-adulta, junto com inúmeros encartes de CDs que eu nem me lembrava que tinha. Se eu realmente fosse listar tudo que guardei, ocuparia meses descrevendo e você gastaria meses lendo, então vamos parar por aqui. 

Receber visitas era quase impossível, para não dizer vergonhoso. Mal cabia a mim mesma lá dentro. Arrumar? Fora de cogitação. Onde guardaria tudo? Nem móveis eu tinha pra comportar aqueles restos de furacões. Então, logo após assinar o contrato que me levaria a morar em uma casa nova, maior e melhor, decidi. Não podia continuar, aquilo tudo tinha que ir embora. 

Enquanto separava tudo, percebi que a maior parte da bagunça era composta por coisas que não precisava mais, coisas que poderia ter doado para alguém, coisas que deveria ter jogado no lixo há muito tempo e até coisas que nem minhas eram. Aos poucos, fui me desfazendo do que não fazia nenhuma diferença, doei tudo que poderia ser mais útil para outra pessoa, tratei de devolver para seus respectivos donos o que tinha guardado, e joguei fora tudo que não tinha serventia. Em seguida, pude organizar o que ficou. 

Cada coisinha minúscula ganhou seu lugar especial, desde o incensário que perfuma meus dias mais belos até o peso da porta. Meus quadros ganharam seu espaço, minha coleção de filmes, livros e outras pequenices também. Comprei móveis novos, trouxe os antigos guardados na casa de um amigo, decorei minhas janelas com as cortinas aposentadas no fundo de uma caixa e pude até voltar a receber visitas sem passar vergonha. 

Foi exatamente nesse ponto que lembrei daquela comparação, bem comum, entre a vida e a casa de uma pessoa e percebi o que havia se passado.

Antes, por menor que a casa fosse, cabia um mundo de bagunça, faltando lugar para o que realmente importava, faltando espaço para organizar a mobília e os pensamentos, estava cheia de coisas e pessoas desnecessárias, lembranças descartáveis e tinha excesso de apego ao que já não servia mais. Depois a casa aumentou, podendo muito bem abrigar todas essas tranqueiras, mas ainda assim não teria como receber ninguém no meio daquela zona e nem poderia pensar em decorar coisa alguma. Por maior que fosse o espaço, os detalhes sutis passariam despercebidos, a beleza seria ofuscada pelo mundaréu de lixo que ficaria lá, atrapalhando a visão de quem quisesse admirar. 

Penso que hoje, minha casa reflete exatamente minha vida. Não está perfeitamente organizada ainda, preciso de muitas prateleiras pra enfileirar memórias, ainda existem caixas espalhadas pelo chão do quarto a espera de paciência para organizá-las e ainda estou cogitando mudar os móveis de lugar (de novo), mas definitivamente me livrei dos pesos e pessoas desnecessárias, as paredes da casa e da mente estão mais claras e já refletem o brilho de cada amanhecer, meus olhos novamente decorados e protegidos - tanto quanto as janelas - do que existe lá fora. E a porta? Essa está novamente aberta para receber visitas, marcadas ou não. Só um pedido:

"Sinta-se a vontade e só repare na bagunça se for se oferecer pra ajudar a arrumar".



*Imagem : Dragon Flies Of Night
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5 hits internacionais que você já dançou coladinho
(ou deveria)!

Aqui não tem pancadão! Ninguém vai descer até o chão! Ou colocar a mão no joelho (em outra hora, em breve, faremos isso!). Pra hoje tem romantismo, sensualidade comedida e saudade. Apenas pare! Feche os olhos, sinta e sorria com alguma lembrança até o final desse texto. Depois cole seu rosto ao de alguém e reviva algum momento que fez seu coração acelerar!

1.  Você quer dançar?



Sem sombra de dúvidas “Do you wanna dance?” é um dos hits mais tocado e mais envolvente pra se dançar coladinho! Ninguém ganha dele! Ninguém sabe o que diz a letra, mas tem alguma coisa de dance no meio que faz com que você se perca em passos envolventes e cheiros no cangote.

2.  Fique comigo.



Não é um pedido, é uma súplica, quase que uma ordem! “Stand by me” traz a lua, as montanhas, o mar e o céu pra mais perto de você. Deixa o medo de lado e se joga na pista (com amor, ritmo suave e sorrisos amarelos).

3.  Kiss Me! (Agora, mais tarde, toda hora!)



Mesmo com uma letra um tanto quanto bizarra, “Kiss Me” embala a gente. Dá uma vontade de dançar, cantar junto e beijar – como manda o título! E fica tudo liberado quando a gente se entrega, ninguém precisa ser especialista em língua estrangeira, é só embolar a língua e gritar na hora do refrão!

4.  Ai, ai, amar você!



Te convidei pra dançar, você aceitou! Te pedi pra ficar, você ficou! Pedi um beijo e você deu! O amor se instalou e agora é só “La la la la la, la la la la la”!
“Loving you” traduz o que geral sente e não tem coragem de dizer. Ou tempo! Em meio à correria do dia a dia, você acaba deixando de expressar o que sente e, ao invés de se ocupar com a propagação do amor, se ocupa com superficialidades. Essa música é um convite pra você tirar o atraso do verso!

5.  Porque amor gostoso é aquele que não tem fim enquanto dura!



Não dava pra finalizar sem eternizar! “Endless Love”! Quem nunca? Ah, eu confesso que já eternizei bons olhares ao som dessa música! E não tem nada mais gostoso que querer, e poder, dividir um momento dançante e romântico com alguém que se ama – mesmo que esse amor e o pra-sempre chegue ao fim na próxima semana. A entrega é que vale, mesmo que efêmera.

A vida exige muito. Você vive correndo de um lado pra outro e simplesmente não vive. Acho que as pessoas estão muito rasas, não se entregam a relacionamentos e se perdem na desculpa de que o tempo é curto e o medo intenso. Quem tem que ser intenso aqui é você! Se joga nos braços de alguém, inventa uma primavera aí, organiza um baile a dois e vai sorrir um pouco.

PS: Não se esqueça de salvar os hits citados acima pra tocar na hora! Beijo!

Ana Nunes

Imagem: Som no blog.
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Vou te explicar como as coisas do coração funcionam, Maria. Um dia eu acreditei que o amor era uma espécie de loteria e somente alguns eram contemplados. E andei espalhando por aí que ele não existia, que somente os tolos acreditavam e que era uma espécie de história de carochinha. Eu me enganei. Não porque o amor enfim bateu em minha porta e me convenceu do contrário, mas porque eu soube compreender que ele não se limita apenas à atração física, relação de homem e mulher.

Senta aqui, Maria. Eu tenho que te dizer que algumas vezes você irá se decepcionar e, por vezes, sentirá seu coração sendo triturado. Meu coração foi costurado diversas vezes desde que tentei desbravar essas estradas em busca do amor. A gente sente uma dor tremenda, algumas vezes é tão lancinante que você perde a noção das horas, dias e meses. Você deita, olha para o teto e mesmo não enxergando nada os seus olhos permanecem fixos.

Não se assuste, Maria. Apesar da vida bater um pouco, existem aqueles que têm mais sorte e descobrem o amor antes de nós. Fixa neles e não em minhas palavras duras e amargas. Levei um baque esses tempos e ao invés de levantar e sacudir a poeira, eu me mantive no chão, não sei bem o que se passava em minha cabeça. Fiquei ali deitada, comendo um pouco de terra e formando poças de lama com as lágrimas que me caíam dos olhos. É, Maria, doeu um bocado. 

Hoje posso te dizer com sabedoria que a queda me transformou em uma pessoa mais forte, que o tombo me fez acreditar - acredite ou não - um pouco mais no amor. Porque para amar alguém é necessário que nos amemos primeiro, que haja reciprocidade no sentir, doação de ambas as partes, é preciso que nós estejamos completos para que não busquemos no outro aquilo que nos falta. Para não entregar ao outro uma carga muito grande. Não responsabilizar o outro a preencher nossos vazios. A gente precisa se entender melhor para não cobrar do outro aquilo que ele não pode nos oferecer. 

No final das contas nós precisamos chegar com a bagagem e apenas desfazer as malas. O amor tem que encontrar a casa perfumada, os cômodos vazios de outros sentimentos e a cama feitinha para que possa descansar. O amor é mais simples do que imaginamos, Maria. A gente busca em tanto lugar o amor, sendo que nem desconfiamos que ele é gerado primeiro em nós mesmos. Quando a gente encontrar o dono do nosso coração ele apenas fará um parto, em nós haverá um nascimento, nascerá aquilo que desde sempre esteve em nosso interior. Acredite, Maria. O amor nasce é assim.
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"Traição é traição.Romance é romance".
Os Hawaianos

Poucos são os casos, digo até que raríssimos se houver, de pessoas que passaram por esta vida e não traíram ou foram traídas. Inicio este texto com a seguinte afirmativa: nada justifica uma traição. Poderia até escrever em caixa alta de forma a reafirmar, a expressar veementemente a minha opinião. Acredito que quando duas pessoas resolvem se relacionar é porque têm em mente que dali em diante passarão a pertencer - relativamente - uma a outra. Não digo no sentido literal da palavra, pois todos somos livres e ninguém é objeto de ninguém. Contudo, observo as relações ao meu redor e analiso as que tive e chego a seguinte conclusão: algumas pessoas não nasceram para ser monogâmicas. 

Desse modo entramos em uma outra vertente: a traição é um desvio de conduta? A priori a minha resposta, como pessoa traída, é que sim. Uma pessoa que deseja levar a vida ao estilo Tribalista "eu sou de ninguém, eu sou te todo mundo", deve no mínimo jogar as cartas na mesa para o parceiro e revelar o desejo de viver poliamores¹ e esperar a anuência ou não do seu companheiro, deixar o parceiro livre para decidir se deseja ou não continuar ao lado dele. Entretanto, a vida não funciona dessa forma. Quem gostaria de dividir a pessoa que, supostamente, se ama? Há casos? Sim. Mas deixando de lado as exceções e voltando o olhar somente para a regra: traições são inadmissíveis. 

O relacionamento é uma espécie de contrato firmado entre duas partes onde elas têm direitos e deveres. Soa até meio jurídico tal afirmação, mas é dessa forma que devemos enxergar as relações humanas. As traições são motivadas por diversos fatores que somados tornam-se condições suficientes e necessárias para a quebra de contrato, no entanto preferimos - a maioria das vezes - empurrar o namoro com a barriga porque é muito mais cômodo conviver com uma mentira, do que largar tudo por alto e voltar à estaca zero. 
Agora a pergunta que não quer calar: a traição é perdoável? Essa é uma pergunta bem individual. Há aqueles que se permitem dar uma segunda chance e outros, como eu, que preferem seguir suas vidas sem olhar para trás. Dizer que o relacionamento não está bom, que o sexo já não é como antes, que a rotina está matando o namoro, que os amigos o pressionaram a mostrar a sua "macheza" diante de uma situação não é aceitável. Inúmeras vezes eu me mantive insatisfeita com uma relação, tantas vezes me deparei com pessoas incríveis, esbarrei com homens lindíssimos e interessantes, e nem por isso me dei o direito de enganar uma pessoa.
Eu jamais perdoaria uma traição pelo simples fato de saber que conscientemente a pessoa me traiu. A própria física diz que para toda ação existe uma reação. Sempre acreditei que acima da fidelidade deveríamos ser leais aos nossos cônjuges. Quem é leal sabe honrar a palavra, sabe ser honesto consigo mesmo, não dá margem ao erro, assume com dignidade a fidelidade aos compromissos que aceitou assumir. Ninguém prende ninguém. Relacionamentos assim como os contratos também podem ser quebrados, terminar a relação é a forma mais digna de se respeitar alguém com quem se manteve de início um laço de confiança. E para mim, respondendo ao questionamento, traições são imperdoáveis.
¹ Poliamor (do grego πολύ - poli, que significa muitos ou vários, e do Latim amor, significando amor) é a prática, o desejo, ou a aceitação de ter mais de um relacionamento íntimo simultaneamente com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos.
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Eu me apego, não nego. Domino a arte de me apegar. Não consigo me afastar de gente que divide para somar. Aquele drama de compartilhar histórias e ideias, ou alimentar fantasias infantis minhas (ou não tão infantis assim). Piro nessa troca. Gosto de me ver mudar, porque tudo (me) muda. Cresce, evolui, amadurece. Então sim, é apego. E não ligo. E se eu não me importo, você também não deveria se importar. O desapego torna as pessoas egoístas e cansei dessa gente que só sabe olhar para o próprio umbigo. Tá faltando mais ombro amigo, tá faltando mais colo e mais carinho. Tá faltando gente para se doar. Hoje é tudo jogo, é tudo morno, é tudo acaso. Ou seria descaso? Estamos construindo barreiras e correndo ladeira abaixo. Tá faltando amor. Tá falando apego. Se apegue, sim! A vida é curta demais para ser pequena, então se doe com vontade, ame com intensidade, queira mais proximidade. Pratique o apego. O fracasso começa quando começamos a acreditar que teremos amanhãs demais. E não há amanhãs suficientes para procrastinar. Tire o pé do freio. Não é feio se entregar. Se doar. Não pense demais naquilo que os outros podem pensar e não imagine amanhãs. Faça aquilo que te dá vontade, ainda que pareça um pouco de insanidade. Ame.  Se entregue. Esteja inteiro, não pela metade. Se apegue. E eu me apego, não nego. Domino a arte de me apegar. Não consigo me afastar de gente que divide para somar. E não ligo. E se eu não me importo, você também não deveria se importar.
título do texto é um trocadilho inspirado no livro da Isabela Freitas.

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Sentou-se na varanda observando a chuva que caia incessantemente. Ela não era bonita, puro agouro. Estava lá com um cinzeiro abarrotado de tocos de cigarros, alguns maços em cima da mesinha e um litro de uísque 12 anos, que vinha bebendo do gargalho - não era necessário um copo. Sua boca era amarga, não pela bebida, muito menos pela nicotina, era a amargura que vinha de dentro. Estava sentado há horas, não se lembrava se havia acordado ali, ou se apenas havia sentado ao amanhecer. Tudo lhe era incerto. Suspirava enraivecido o nome de Úrsula.

Ela havia deixado, como de costume, a sua cama na madrugada. Marco, havia se cansado disso. Sentia-se usado, declamava-lhe poemas, mostrava-lhe os textos que dedicara e fizera sobre os dois. Ela, por sua vez, deliciava-se com o seu jeito doce de ser. Talvez, o amasse, mas não sabia até onde, quando. Não sabia se gostava apenas de suas palavras, ou se realmente o amava. Ele não era como Júlio, o comerciário com quem se encontrava às escondidas todas as tardes dentro do estoque de calçados, ele sim sabia fazer uma mulher feliz. Pensava ela. Não conseguia imaginar a ideia de viver com Marco, ele lhe propusera casamento, ela não queria compromisso. Queria ouvir Camões em seu ouvido, enquanto se amavam, mas queria ouvir palavrões enquanto se perdiam na seção de sandálias femininas com Julio. Sentia-se completa com os dois. Embora ambos não soubessem a existência do outro.

Úrsula amava os músculos de Júlio, ele ficava bem sem camisa, não era inteligente. Certo, possuía lá a sua serventia, mas não era tão dotado quanto Marco. Ele tentava ser romântico, sendo um fiasco diversas vezes, e ela não gostava dessas investidas. Pensava: - Tenho, Marco, para me amar com palavras. E assim, Marco fazia – amava-lhe com palavras, com docilidade, toques amenos e cuidados, enquanto Júlio lhe desejava e possuía como um cachorro enraivecido. E ela gostava de ambos.

Marco que estava sentado em sua varanda, embriagando-se viu Helena, correndo da chuva. Estava ensopada e tentava-se abrigar debaixo de uma mangueira. Levantou-se então, e com um guarda-chuva trouxe-a até sua varanda e lhe ofereceu uma toalha para secar-se, os olhos azuis de Helena transbordavam, não por causa da chuva, mas por ter terminado com seu namorado que a esbofeteou, ela chorava rios. E ele lhe enxugou as lágrimas, lendo um de seus poemas. Ali, Helena e Marco apaixonaram-se, em meio a lágrimas e um doce soneto que Marco declamou. Úrsula – Pensou ele, tinha vaga memória deste nome.

A loja que Júlio trabalhava estava em liquidação, a movimentação era tremenda e a gerente da filial de Campos Belos visitou a loja. Ela era morena e tinha traços indígenas, uma beleza descomunal. A sua voz era imponente, mas doce. Ela derrubou, sem querer, as caixas que Júlio arrumava no estoque. E ao ajudá-lo a recolher, seus olhos cruzaram-se e penetraram-se por alguns longos minutos. Júlio, que era burro na visão de Úrsula, lembrou-se um livro escrito por José de Alencar e disse a moça: a virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna. Que coincidentemente, chamava-se Iracema. E eles se apaixonaram.

Úrsula procurou Marco, mas ele não atendia. Os seus telefonemas não eram atendidos, ele trocara a fechadura da porta, e suas janelas sempre estavam fechadas. Marco enviou-lhe um poema de Caio F. que lhe dizia: "Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, ERA SEU. " E a ênfase no final da frase, mostrou-lhe que tudo havia acabado. Úrsula chorou e desejou entregar-se a Júlio a fim de esquecer.

Então, Úrsula procurou Júlio, a loja continuava inflamada por causa dos descontos absurdos que a loja resolvera praticar. Vira algumas vendedoras, outros vendedores e encontrou Maria, amiga de Júlio que sempre lhes vigiava a porta na hora do almoço, nos seus encontros amorosos no estoque. Maria lhe dissera que Júlio havia sido transferido para a filial de Campos Belos e que lhe indicou um livro para que lesse: Iracema, de José de Alencar. E Úrsula achando que Júlio nem sabia ler.

Úrsula não sabia o que era choro há tempos, experimentara de tantos outros sentimentos, amor, paixão, felicidade, prazer, mas tristeza lhe era novo. Ela chorava enquanto andava desolada pelas ruas. E ao contrário de Júlio e Marco não encontrou ninguém que lhe enxugasse as lágrimas. Terminou sozinha.
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O céu estava bem claro, o sol latente sobre a cabeça dos transeuntes e eu divagava em milhares de sensações presentes em mim. O ônibus deslizava rapidamente pela rodovia, e eu lia – como de costume – um livro de meu autor preferido que me faz pensar em você. Sim! Talvez por ele ser tão inconstante, medroso e por falar de amor apenas em letras, assim como eu o faço.

E então eu avistei ao longe uma fileira indiana de eucaliptos, e me dei conta de que eu penso em você todas as vezes que eu os olho. Não! Você não parece um eucalipto – me escute. É que quando eu era criança achava-os tão majestosos, imponentes e costumava deitar sob a sua sombra, achava uma delícia, amava aquela sensação. A mesma que sinto quando eu penso em você, sabe?

Então, eu fiquei imaginando o que você pensa quando os vê também. Sim! Isso! No caminho de sua casa. Você já observou que fazemos a mesma trajetória em direção a nossas casas? Exceto por você ir para outra direção, entrar em outra curva, assim como acontece com a gente. Infelizmente sempre caminhamos em direções opostas. Queria saber se será sempre assim, se não mudará. Você poderia me responder?

Olhe pra mim, por favor. Seus pés são mais interessantes do que o meu rosto? Tudo bem. Não precisa olhar para mim - Pare. Não enxugue as minhas lágrimas, eu gosto dela. Do sabor delas. Elas me dizem que você é real em mim. Então não as tire de mim, por favor.
Sabe, essas coisas que tento te dizer não se dizem costumeiramente. E eu reconheço que vivo falando por metáforas, mas você não me ajuda também. Essas analogias que eu crio para te levar a entender o que se passa dentro de mim é chato. Eu sei. Mas me cale a próxima vez que eu tentar falar dessa forma. Não sei. Encoste-me na parede. Tome uma providência. Tire-me do chão e me ponha no céu, ou devolve-me ao chão e me tire o céu. Não, não faça isso. Ou faça.

Tudo bem então. Esqueça tudo o que eu disse. Que tal falarmos de música, literatura – tudo bem sei que não gosta dos meus livros, mas podemos falar sobre O Grande Sertão Veredas, o único livro que você leu - forçadamente, mas leu. Okay, eu confesso que também não li uma vírgula sequer e pesquise resenhas na internet para fazer minhas atividades escolares. Você poderia fazer uma resenha para mim? Que loucura e despropósito te sugerir isso. Sabia que Plutão deixou de ser planeta? É, verdade. Já tem alguns anos.

Só me fale alguma besteira - das mais loucas às estapafúrdias - para romper esse silêncio em nós.
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O amor acaba, meu bem. Ele se dissipa igual aquela fumaça que a esquadrilha da fumaça deixa nos céus no dia da independência. Ele vai embora sem aviso prévio e sem data marcada, de supetão, ele arruma as malas e sai destrambelhado porta a fora. O amor tem dessas coisas, sabe? De querer permanecer apenas onde é bem-vindo, de desejar ser aquecido nas noites de inverno, de refrescar-se com um banho de mangueira nas tardes ensolaradas de setembro. O amor só fica onde é bem quisto, onde é visto, onde é venerado.

Tenho dito - tantas vezes - que a ampulheta corre depressa demais, que ela (pré)anuncia o findar dos meus sentimentos. O desaparecer das emoções que me invadem diante de ti. A morte das borboletas que sempre, tão animadas, faziam festa dentro de mim. Os carnavais cessarão e a bateria do meu coração já não mais tocará teu samba preferido. Tenho avisado, constantemente, que sentimentos se vão como um dente-de-leão soprado ao vento. Voam rapidamente, perdem-se no ar, caem ao chão e morrem. Sucumbem.

O amor se vai, meu amor. E tenho indicado através dos meus trejeitos, do tom da voz ao lhe falar, do modo como volto sempre no mesmo assunto desejando que a sua retratação seja o suficiente para consertar nossas vidas. Não é. Disse há dias que alguns abraços que me envolveram hoje não me apetecem mais, que bocas que me beijaram já não seduzem mais, então, por que insistes em achar que tudo é eterno? Tudo finda. A vida acaba.

Ciclos são fechados, histórias começam e outras se encerram, pessoas vêm e vão de nossas vidas, esbarramos com possíveis amores todos os dias nas esquinas da vida, na padaria logo de manhã, na roleta do ônibus após um dia estressante de aula, no banco da praça, tantas situações apontam que a vida se pontua por si só, que pontos finais arrematam nossas histórias mesmo que não queiramos. É, meu bem, em breve você será mais um. Uma névoa a se dissipar na imensidão dos meus pensamentos. Anote ao lado do meu nome em sua agenda de celular: "não existem amores ad eternum". Não para mim.
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