❁ para ouvir enquanto lê: cataflor, Tiago Iorc.❁
Emily era de uma sensibilidade ímpar. Dessas que se necessário for,
desviava do caminho para não atrapalhar o objetivo das formigas, que
concentradamente carregavam pesadas folhas nas costas. Ela também
adorava flores, mas não aquelas montadas em um buquê. Gostava de jardins
amplos e cheios de vida, e também daquela florzinha guerreira que nasce
em meio ao concreto, sabe?
Para Emily, a natureza
tem muito a ensinar pra gente. A sua maior paixão sempre foi o
dente-de-leão. Como uma flor tão leve e frágil pode ter o nome do rei da
selva? Ela sempre se perguntava isso. E com o tempo entendeu que a
sensibilidade esconde em suas entrelinhas uma força verdadeira e
íntegra.
Desde criança, ela foi uma menina
observadora, que se encantava com os detalhes que a cercava. Muitos a
chamavam de sonhadora, mas na verdade, ela só tinha um jeito diferente
de olhar a vida -com mais otimismo e um tanto de sorriso nos lábios. Ah! E uma porção à la carte de gargalhadas escandalosas.
Emily
cresceu, mas continuou carregando um coração gigante que não se
apequenava mesmo com a convivência inevitável com pessoas mesquinhas.
Ela amava o nascer e por-do-sol porque ele a fazia -antes de tudo -
seguir grata desde as suas maiores dádivas até os pormenores.
Emily
vivia como se fosse primavera todo os dias do ano. Seu look preferido
era um bom vestido longo florido, cheio de cor e vida. Vida! Era isso
que ela deixava em todos os lugares que passava. E olha que foram
muitos! Emily era uma andarilha, apaixonada por histórias novas e discos
antigos. Livros então? Colecionava vários clássicos. Mas gostava mesmo
era de colecionar sorrisos sinceros. Sabia logo de cara reconhecer um e
dificilmente o esquecia ao longo dos anos.
Se
engana quem pensa que ser sensível é apenas chorar por absolutamente
tudo, inclusive com a inauguração do supermercado ou com aquele
comercial com família reunida na mesa. A sensibilidade envolve a
capacidade de percepção ao outro e suas necessidades. Até mesmo quando a
realidade dele não interfere diretamente na nossa.
Emily
costumava dizer que pessoas sensíveis não são compreendidas pela
maioria. E pensando bem, infelizmente ela tinha razão. Sensibilidade no
meu dicionário, deveria ser sinônimo de empatia. E ela é rara. Não
deveria ser, mas é pra poucos. Poucos que se dispõem a sentir com o
coração do outro, que abrem mão vez ou outra de benefícios próprios em
função do bem comum, que lutam uma luta que não é sua e respeitam a
causa alheia. Sensibilidade é ser simples. É ser humano - como na nossa
essência.
❁❁❁
SUÉLEN EMERICK.
24 anos. Brasiliense que vê poesia no cinza do concreto. Jornalista que escreve por/com amor. Uso vírgulas e crases imaginárias pra contar histórias, e o coração pra vivê-las.
Me apaixonei!! Texto lindo demais!
ResponderExcluirirmã linda da minha vida. Obrigada! <3
ExcluirMaravilhoso como sempre Su! Amei <3
ResponderExcluirMari, obrigada por me ler. <3
ExcluirAdorei a mensagem! <3
ResponderExcluirMuito obrigada pela leitura <3
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