O amor é brega
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❁ Ouça enquanto lê: PROJOTA - FAZ PARTE ❁


Sentir saudade faz parte. E eu sinto muita saudade de você.

Saudade de acordar com você debaixo do meu cobertor e me aninhar em seus braços. Dividir sonhos e neuras sobre o mundo enquanto a gente pega no sono. Ter você pra me acordar no meio de meus piores pesadelos.

Saudade de chegar em casa depois de um dia estressante e saber que sua presença vai me acalmar. Te ligar no meio do dia dizendo que não tá sendo fácil passar por esse dia e sentir o cheiro da minha comida preferida feita por você ao abrir a porta de casa. Você diz que quer me ver sorrir. Nessa hora sai um sorriso do fundo da alma por saber que tenho você.

Mas hoje não tenho mais. Ainda não entendi o que aconteceu, mas são coisas da vida. Como você mesmo disse, são coisas que não escolhemos, acontece. Acontecem e a gente aceita. A gente tenta entender, tenta ir contra, mas quando o coração diz, não há nada que a gente possa fazer.

Apenas sentir saudade.

Sinto saudade do seu moletom que tanto me aqueceu enquanto eu me enrolava em você no frio, saudade do seu abraço de urso quando o mundo mostrava seu lado ruim e queria apenas chorar e esperar tudo passar. Faz parte sentir saudade.

Você é insuportavelmente incrível. Não há uma pessoa que não sorria ao te ver.

Pode ser que eu te encontre numa esquina qualquer e não saiba como reagir. Você sabe que tenho dificuldade com esse tipo de coisa. Nunca sei como agir na hora H. Sempre tive você pra me ajudar quando não soube lidar. Ou então tinha você pra me apoiar.

Agora, sou só eu. E a saudade de você.

Mas faz parte. Sentir saudade faz parte.

E eu sinto. Sinto muito. Sinto muita saudade.

❁❁❁


MARINA COUTO.
21 anos, estudante de Letras, forrozeira e apaixonada por palavras. Escrevo pra me sentir livre, não tenho destinatário certo, acho que assim fico mais desapegada e escrevo Com a alma. Gosto de escrever para as outras pessoas saberem que não estão sozinhas. Quem vai ser meu interlocutor? Quem ler decidirá se aceita ser ou não. Se você se identificar, é um novo interlocutor, escreverei pensando que não estou só. Escreverei pra nós

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❁ Ouça enquanto lê: Anavitória - Nós ❁

Valéria deitou sobre o peito de Pedro — seu lugar preferido no mundo. Os dois estavam casados há um ano e o período de adaptação não estava sendo muito fácil. Pedro era engenheiro e assinou contrato com uma construtora para acompanhar uma obra fora da cidade. Ia e voltava todos os dias, mas pela distância acabava chegando já tarde e passava a maior parte do tempo longe da esposa. Valéria por sua vez, era professora e trabalhava em uma escola relativamente perto, mas também tinha muitas atividades extracurriculares. Sem contar que, com a ausência do marido, mesmo com o auxílio de uma diarista quinzenal, as atividades domésticas ficavam mais por sua conta.

Era ali nas poucas horas que desfrutavam juntos antes de dormir, que os dois tinham tempo hábil pra dialogar e matar a saudade gostosa que ficava de todo o dia distante.

— Amor, eu tô com uma dor forte no peito. — disse Valéria enquanto recebia um cafuné do marido, que se espantou um pouco com a notícia.

— Uma dor literal, amor?

— Não sei exatamente, bebê. É uma espécie de aperto, de angústia...

— Tipo aquilo que você sentiu alguns dias antes do seu pai falecer?

— É, amor. Por aí mesmo. Aquela sensação horrível sem nem saber o motivo. Tipo um pressentimento ruim.

— Calma, amor. Não vai ser nada dessa vez. Vem cá.

Disse Pedro enquanto apertava bem forte e carinhosamente a sua mulher junto ao peito e dava um afago nas costas —  que ela gostava tanto.

— Aqui com você eu me sinto confortável e segura.

Pedro beijou os cabelos de Valéria e em seguida pegou o controle remoto para ligar a televisão.

— Vem, vamos assistir um filme pra distrair até o sono chegar, amor.

Enquanto zapeava pelos canais, um comercial da campanha do Outubro Rosa chamou atenção de Valéria.

— Lá na escola estamos preparando uma ação pras mães em prol do outubro rosa. Eu acabei discutindo com a coordenadora porque dei a sugestão da ação ser estendida pros pais e ela não aceitou. Disse simplesmente que não achava apropriado. Acredita? Achei um absurdo!

— Você e suas ideias revolucionárias, amor. Parece que o sistema educacional ainda não é preparado pra elas. Talvez a sociedade não seja. Mas sabe de uma coisa? Elas foram um dos motivos deu me apaixonar por você ainda na época da faculdade.

— Nós sempre fomos tããão diferentes, né? Muita gente apostou que não daria certo. E agora estamos aqui. Mas sabe, amor. Eu nem vejo isso como algo revolucionário assim. É simples! E se os casais se incentivassem e fizessem juntos o autoexame?

— Você simplifica a desconstrução, amor. E quer saber? Você tem razão. Vamos fazer juntos agora?

— Vamos!!

Os dois aproveitaram a falta repentina de sono e foram juntos para o espelho do banheiro, que era o mais amplo do apartamento. Valéria fez o autoexame com certa rapidez pela prática. Era algo rotineiro, ela não esperava apenas outubro para realizá-lo. Olhou pra Pedro e ele parecia meio perdido e confuso.

— Não tenho a menor ideia de por onde começar, amor. Nunca fiz isso. resmungou Pedro.

— É normal, amor. Infelizmente a maioria dos homens não o fazem. Talvez porque a porcentagem de casos é bem menor pro sexo masculino e a divulgação também acaba sendo.

Valéria pegou o celular que estava próximo e começou a pesquisar sobre. Até mesmo informações claras sobre o autoexame masculino eram difíceis de encontrar. Depois de minutos de uma busca minuciosa, ela viu um site de credibilidade que trazia um passo a passo super didático e confiável. Então entregou o celular pra Pedro. Ele realizou o autoexame e de repente sua expressão congelou. Olhou pro celular e pro espelho. Pro celular e pro espelho. Pro celular e pro espelho. Repetidas vezes. Até que Valéria o interrompeu:

— O que foi, meu amor?

— Meu mamilo esquerdo se assemelha a esse da foto do autoexame. Está retraído e descascando. OLHA!

Valéria pegou o celular das mãos de Pedro e começou a observar a foto.

— Vem cá, amor. Deixa eu olhar mais de perto.

Sugeriu Valéria, ainda sem querer acreditar.

— É exatamente igual, amor.

Dessa vez na voz de Pedro já havia uma preocupação nítida. Valéria ficou alguns minutos sem reação e um silêncio doloroso pairou entre o casal.

— Amor, pode não ser nada. O autoexame ainda é só o primeiro passo do processo. Amanhã mesmo nós vamos ao especialista tirar todas as dúvidas, tá?

Disse Valéria tentando manter a racionalidade, embora os olhos já estivessem visivelmente marejados.

Pedro permaneceu em silêncio e abraçou a esposa pele a pele. Os dois estavam despidos de segredos e cobertos pela intimidade que a ausência de palavras proporciona. Tudo que Valéria queria dizer pra encerrar aquele diálogo era "Independente do que aconteça, estarei ao seu lado. Isso não vai mudar". Mas as frases não saíram. E pensando bem, nem precisavam. Aquele abraço dizia tudo. E era exatamente ali o porto seguro, mesmo se as notícias ruins viessem. Mesmo se o mundo lá fora desabasse em caos infinito, era ali, naquele pequeno banheiro de apartamento, que eles tinham a certeza um do outro.

❁❁❁
SUÉLEN EMERICK.
24 anos. Brasiliense que vê poesia no cinza do concreto. Jornalista que escreve por/com amor. Uso vírgulas e crases imaginárias pra contar histórias, e o coração pra vivê-las.

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Eu te amei mais que tudo, mais que devia, mais até do que eu podia. Foram dias, noites, lágrimas e sorrisos compartilhados, muita descoberta envolvida e cada dia era mais legal que o outro. Mas, infelizmente, coisa boa não dura pra sempre, e Cássia Eller já dizia "que o pra sempre sempre acaba".

Eu amei cada pedacinho teu, dos que você mais amava até os que mais odiava. Eu amei até o seu dedinho do pé e cada fio de cabelo do seu corpo. Amei tanto que aprendi sobre paciência, humildade, companheirismo e amizade em doses homeopáticas e cavalares também. Dependia muito da nossa época, do contexto e do nosso humor.

Como eu amava rir com você. Rir de coisas bobas, dos vídeos semanais do Porta dos Fundos, das entrevistas e dos vídeos idiotas que a gente sabe de cabo a rabo. O bom de tudo isso é que eu aprendi a reconhecer cada parte importante da nossa história e de você que refletem no meu presente e certamente me acompanharão no futuro.

Por muito tempo me neguei ou recusei pensar sobre o que tinha de você em mim, mas hoje posso dizer numa boa que é bastante coisa. Você me ensinou coisas sobre mim mesmo que eu jamais poderia imaginar. Foi bom receber uns socos da realidade, na cara, graças às suas falas, reflexões e cocões na minha cabeça. Você sempre me incentivou a pensar, repensar e agir com racionalidade, o que me deixa muito grato.

Posso ter sido meio grosso quando tudo se desfez, mas era o luto. O luto e a despedida sofrida de alguém que não estaria mais ali, que estaria nas lembranças, perambulando pelos mesmos lugares e não mais ao alcance. E isso dói demais também, porque a vontade mesmo era de ir correndo pra porta do seu emprego, fazer uma serenata com sua música favorita e te pedir em casamento. Só que com que cara, que moral, que desculpa? Pra que eu ia te incomodar? Pra que eu ia fazer papel de ridículo enquanto cê parecia feliz e de boas sem mim?

Acontece que eu te amei e foi um amor bom. Espero que se lembre de mim com o mesmo carinho que me lembro de você. Fica bem na sua nova vida, porque eu finalmente consegui seguir a minha.

❁❁❁
JU UMBELINO.
Mineira que escreve para mandar a ansiedade embora. Viciada em seriados, filmes e música. Ama quadrinhos e livros. Prefere ficar em casa do que ir pra balada.


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❁Ouça enquanto lê:  Maglore - Às vezes um clichê❁


Trago no olhar visões extraordinárias
de coisas que abracei de olhos fechados.
[Florbela Espanca]

Certas coisas são inesquecíveis. Eu fico cantando "O Vento", dos Los Hermanos, "não te dizer o que penso, já é pensar em dizer" e penso que, num aproveitamento da música, tentar esquecer é um jeito de continuar lembrando. Não que eu queira esquecer, longe disso. Eu lembro de você com uma quantidade de detalhes surreal! Não preciso de esforço, sabe?

Eu fecho os olhos e ali está você, inteiro. Teu perfume vem no vento e me faz tremer. Sou capaz de escutar o tom do teu riso, e ele fica refletido no meu, o resto do dia. Eu lembro do jeito que você sorri, antes de roubar um beijo, e de como tua sobrancelha dá uma franzidinha, antes de você aprontar, como quando vai me encher de cócegas. Tua testa também franze quando você está arquitetando alguma coisa, seja na escolha da trilha sonora, ou na inversão do beijo, no meio da praça.

Eu lembro do toque da tua pele na minha. De como teus dedos colocam meus cabelos para trás da orelha, de como desenham meus lábios e de como são suaves riscando minha face. Eu lembro do toque da tua pele na minha, quando desenho você, com os dedos trêmulos e curiosos. Lembro do toque da tua pele minha, enquanto você prende minhas mãos. Eu lembro do toque da tua pele minha, quando estamos deitados, enlaçados, aproveitando cada pedaço de pele para manter contato, para manter atrito. Lembro do toque dos lábios na pele. Lembro do gosto da pele nos lábios. Lembro do arrepio.

Lembro da intensidade que teus olhos brilham, quando eu permito que mergulhem nos meus, e de como o brilho intensifica, loucamente, quando estamos entre lençóis e suores. Você rouba todo o mundo quando me olha desse jeito e eu me arrisco dizer que caio para cima, no abismo que tua íris tem quando está sobre mim.

Lembro do abraço. Daquele abraço. Eu me espichando na ponta dos pés para não me sentir tão pequena, tão encaixada, tão despida. Lembro do encaixe, do teu rosto apoiado na minha cabeça, da respiração serena. Lembro do aperto que o abraço tem, que ecoa no peito quando o laço desmancha.

Eu lembro de você com detalhes surreais. Tem cheiro, tem música, tem rua, tem toque. Tem olhar para longe, tem olhar para dentro. Tem rosto se escondendo, tem rosto de revelando, impossibilitado de se esconder. Tem eu e você. E mais um punhado de clichê...

❁❁❁
MAFÊ PROBST.
Santa Catarina. Escritora, blogueira e engenheira. Praticamente uma hipérbole ambulante. Autora de Saudade em Preto e Branco. Tem dezenas de projetos em andamento e sonha abraçar o mundo. Colecionadora de sorrisos, dentes-de-leão e clichês.

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Às vezes, ou por diversas vezes, o nosso quebra-cabeça não encaixa e a gente segue sabendo que aquela pessoa é a peça certa que nos completa. Com você foi, é e sempre será assim.

Se você soubesse quantos sorrisos bobos eu já dei, em qualquer lugar que seja ou com quem quer que eu esteja, só de pensar naquele som maravilhoso que a sua voz faz ao sorrir, em como seus olhos sorriem juntos... Queria que você pudesse enxergar a si mesmo como eu te enxergo, mesmo com todos esses defeitos bobos e essas qualidades absurdas que carrega dentro de si.

Queria que você pudesse ver que, além de uma boa lembrança e apesar das separações, você sempre está presente em mim, nos meus dias. Mas eu queria que você pudesse enxergar todas as vezes que chorei por ti, por sentir sua falta, ou por quando me magoava mesmo sem ter a intenção, talvez.

De todas as poesias que já fiz, de todos os discos que ouvi, você sempre será a minha preferida. Onde quer que você esteja, se acaso lembrar de mim, terás a certeza de que jamais esqueci de ti, nem por um segundo, nem durante as brigas, nem durante as desistências, os términos, os reencontros, os beijos, as roupas jogadas no chão. Nunca. Nem mesmo quando virei um capítulo das páginas da nossa história.

De onde você estiver, quero que saibas que nunca desisti da gente, porque não sou de desistir do amor. Porque eu sei que é amor, e que o amor apenas “é”. Não importa quantas histórias ainda temos para viver, não importa se ainda será nessa vida ou em outra, ainda ficaremos juntos. Ainda voltaremos a ser NÓS.

O destino, com toda a sua ironia e por sua vez um pouco travesso, resolveu nos separar em distância e status de relacionamentos, mas nunca conseguiu te afastar de mim. Quero dizer, aqui de dentro. Do meu coração.
❁❁❁
MARIANNE GALVÃO.
Marianne Galvão,1990, escritora, blogueira, libriana e nordestina; é amante das palavras e filha do tempo. apreciadora nata de tudo aquilo que faz sentir o sangue quente viajando entre as veias, transborda sensações e sentimentos urgentes através da escrita.


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Ficou pensando em tudo o que deveria ter dito e não disse. Oportunidade não faltou, já a coragem... Se acostumou com a auto sabotagem. Criava um infinidade de empecilhos para não dar o braço a torcer e dar importância demais a quem fazia flutuar outra vez. Vivia inquieta. Coração na boca, pensamento longe.

Pensava no quanto aquele abraço era bom. Na facilidade que ele tinha de fazê-la se caber por inteiro. No arrepio bom que percorria a espinha e contornava no rosto aquele sorriso largo, de quem está transbordando tudo que vem sentindo. Nos dedos dele entrelaçados aos seus, nas palavras bonitas que ele dizia em voz alta de forma pausada — ela podia desfrutar assim de seus efeitos e de toda sua verdade. Pensava nas promessas que ele deixou de fazer. Era tudo improvisado. Surpresa atrás de surpresa. Rotina pra quê? Tédio não tinha vez. Encontro que não cabia na agenda, saudade que ganhava espaço no coração.

Sabia que seu riso fácil lhe correspondia. A ausência de palavras também — logo ela, que era sempre tão tagarela. Faltava repetir em voz alta, de forma gentil, o quanto seus dias haviam ficado especialmente melhores quando sua cabeça podia aninhar-se em seu peito. Coração passou a bater de maneira apressada, como se a qualquer momento fosse saltar pela boca. Escreveu cartas que o tempo deixou empoeirar. Quis espalhar bilhetes e desistiu na última hora. Vai que o tal moço se assusta com a declaração transparente da moça. Recolheu seu amor como quem guarda a última pétala da flor.

Podia ter dito tantas coisas e emudeceu. Seus braços não o soltavam. Ficavam em volta do seu pescoço enquanto o olhar baixo continha o tanto de querer bem. Podia ter convidado para um café, ensaiado alguma volta num parque qualquer da cidade. Podiam ter ido assistir o filme que ele tanto queria, mas não. Ficaram sentados. Cúmplices. Confidenciados pelo olhar de quem ama. Quem ama cuida. E ela queria cuidar. Da roupa espalhada, das manias desajeitadas, de toda sua vida bagunçada.

Queria ser o motivo que o impulsiona a sair da cama; a certeza que ele brinda em meio aos seus desencontros; o sorriso que lhe acolhe; a mão que lhe resgata. Queria ser o colo a aquecê-lo nas madrugadas frias; a companhia indispensável para as manhãs de primavera. Ser o seu refúgio. O olhar sereno; a resposta que preenche todos os seus porquês. A chuva que embala o sono tranquilo; a parceria de vida que faz tudo chegar ao alcance das mãos. Cuidar dos ferimentos ainda abertos; ser a costura de esperança de seus anseios. Faróis para os passos ainda desconfiados. Cuidar para que juntos pudessem alçar novos vôos. Descobrirem novas afinidades.

Experimentarem da loucura comum que fazia acreditar que aquele encontro por acaso estava mesmo pré-destinado. Ainda que pudesse estar em outros cantos, sonhando outros sonhos, abraçando outras vontades, sabia que era ao lado dele que tudo se findava. Sem espremer pra caber. Ficou pensando em tudo que poderia ter dito e entendeu que dizia tudo inúmeras vezes ao dia, ao estar por perto.

❁❁❁
MARCELY PIERONI.
Escritora, administradora e chef de cozinha por escolha. Perdeu o medo de sair do lugar e desde que começou a publicar seus textos coleciona viagens onde pode abraçar seus leitores e estar mais perto daqueles que acolhem sua baguncinha. Palestra e conta histórias para crianças. É sonhadora de riso frouxo.

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Você vai se vender por uma falsa esperança e perderá seu espírito.

Lembra-se da vez que a gente planejou conhecer a América Latina de carro? Um mês fora, oito países. Pena não ter dado certo naquele momento. Mas o sonho existiu.

Daqui em diante você, já sem forças, não se permitirá nem ao menos sonhar. Os jantares em família, os encontros no interior, as conversas de gente velha e as cobranças da vida adulta. Tudo isso em uma bela camisa de forças invisível, porém perceptível e facilmente sentida.

Os momentos em que você poderia jogar tudo para o alto não existirão mais. Você perderá o resto da juventude engolindo sapos. E o fato de não poder fugir de situações irritantes irá gerar essas próprias situações. Você estará caminhando sem pressa em círculos e um dia mais próximo da morte.

A viagem não aconteceu, mas o sonho esteve lá. Existiu. Nem que seja apenas na sua cabeça, mas de alguma forma foi real.

Ao vender a sua alma isso será tirado de você.

Quando perceber nem lembrará como é um sonho, um vício ou uma vontade. Sua vida será administrar infelicidades e supor, porém sem nenhuma criatividade e imaginação, como poderia ter sido se você não se conformasse.

❁❁❁

HELIARLY RIOS.
É um amante. De política, economia e futebol. É um apaixonado por F1 e NFL. Garante o pão de cada dia e um teto para descansar trabalhando como analista contábil. Seu único amor é escrever de forma irresponsável e livre de culpa. O resto são paixões.


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Era 23 de janeiro, fazia 20 dias desde a última vez que eu tinha te visto. Nossa programação do dia era irmos a um tributo de uma de nossas bandas preferidas. O combinado foi de que nos encontrássemos em sua casa para que fossemos juntos e assim o fiz.

Cheguei um pouco antes do horário combinado e, mesmo o evento sendo open bar, ainda assim, levei umas cervejas para o esquenta. Estava nervosa por demais naquele dia, contava todos os dias que faltava para te ver e ficava idealizando o quanto seria mágico poder te olhar de perto, te abraçar e cantar alto alguns trechos das músicas que tanto nos embalam. Cheguei a ficar na dúvida se te beijaria naquele trecho: "...eu só aceito a condição de ter você só pra mim" ou se seria melhor naquela outra: "...a gente só queria um amor, Deus parece às vezes se esquecer...", gelava as mãos só de imaginar.

Abri a primeira cerveja enquanto esperava que você terminasse de se arrumar, não faltava muito e tínhamos tempo suficiente para tudo. Fui conversando sobre o evento, querendo saber se as suas expectativas eram as mesmas, se a ansiedade também estava te consumindo e, assim como eu, você estava eufórica para que tudo começasse logo. Nesse meio tempo, enquanto você gesticulava mais do que falava, lembrei do nosso encontro de 20 dias atrás e lembrei de todos os nossos assuntos, onde falar de livros e poesia fez com que tomássemos a atenção do grupo de amigos que estavam ao nosso redor, cada vez que lembrava do rosto de cada um a observar nossa conversa tão entrosada, fugia um riso do canto da boca.

Enfim você terminou de se arrumar, tomou um café (descobri naquele dia que você não é muito fã de cervejas, preferindo bebidas quentes), esperou que eu tomasse algumas cervejas e saímos ao nosso destino.

De cara o ambiente nos surpreendeu, as luzes coloridas, os quadros nas paredes, as fotos de celebridades espalhadas pelo ambiente, arrancando de nós um suspiro satisfatório em estar ali. Fomos ao bar e pegamos nossa primeira bebida. Escolhemos uma mesa recuada, mas que ficava preferencialmente entre o bar e o palco, estava ótimo. O show começaria em alguns minutos e, em meio a essa espera, falamos do próximo show que iríamos mês seguinte e eu, sonhadora, como toda aquariana, me deixava pensar o quão feliz seria dividir com você mais uma vez um show de outra banda que gostamos tanto e meio que naturalmente a gente começa a ver que nossos gostos são bem iguais.

Numa dessas você descaradamente me fala que eu combino com você, gelei da cabeça aos pés e tomei a cerveja num gole só. Nosso papo foi seguindo, descobrimos mais coisas em comum até que finalmente o show começaria, seguimos para a lateral do palco e nos soltamos, cantamos, gritamos e a diversão não parava. Ora você estava ao lado, ora na frente, ora atrás e eu feito louca rodopiando ao som de cada música entrando na sua dança. Nossas bebidas acabaram e eu fui buscar mais para a gente, você não parava e não me deixava quieta, curtimos tudo que queríamos.

No primeiro intervalo já quase sem voz, você me puxou pr'um canto e me pediu que te levasse ao banheiro, na volta tocava uma das músicas mais aguardadas da noite e quando me preparava para cantar com todas as minhas forças: "...ter fé e ver coragem no amor...", você me beijou. SIM, você! Senti naquele beijo o mundo ao meu redor girar mais rápido do que as batidas do meu coração em sentir teus lábios aos meus. Nada do que imaginei chegaria perto do que aconteceu e nem poderia, você foi sensacional.

Passamos a curtir o restante do show de forma mais próxima, em uníssono cantávamos todas as músicas com sorriso aberto e uma felicidade transparente. Todo o prefácio foi cuidadosamente caprichado, nossa história começava ali, de fato. Seja bem-vindo, amor! Nesse show que é a vida, o espetáculo é todo seu.

Então, me diz quem é maior que o amor?

❁❁❁

ANNA OLIVEIRA.
Recifense, amante da tecnologia, leitura e MPB. Aspirante na escrita/poesia, uma menina mulher sempre em evolução, transcrevendo em palavras gritos oriundos do coração, deixando registros verídicos (ou não) nas entrelinhas. De braços e coação aberto para a vida e o amor.

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Pra falar a verdade eu ainda tô aqui, esperando que algo em você me faça não ir. Torcendo pra não ter sido tudo tão perecível, a ponto de não ver futuro numa coisa tão importante pra cada um de nós, ou seria só pra mim.

Tá certo que não estamos indo bem há alguns meses, que já não acha tanta graça nas minhas palhaçadas, que a roupa que uso pouco importa pra você, tanto quanto a que horas cheguei em casa essa noite. Eu não tenho passado muito bem do estômago e você também nem sabe disso. Minha mãe diz que é emocional e que eu preciso me cuidar. Não nos vemos há uma semana, você está sempre ocupado.

"Casais passam por crises", tento me convencer! Eu tenho passado os dias tentando te mostrar que ainda acredito que tudo pode mudar, mas não percebo isso da sua parte. Na real, não dá pra saber em que parte ainda me encaixo na sua vida. Eu ainda tenho algum espaço?!

Minha rotina tá parecendo tortura, confesso estar fazendo mais coisas do que aguento, do que preciso. Tudo é uma tentativa de suprimir algumas dores, alguns vazios e essa certeza de que nada está como antes, nada é como deveria. Não tô dizendo que é tudo culpa sua, eu falhei sim na nossa relação, mas tô tentando. Sempre busquei reparar meus erros, consertar os defeitos que me fariam alguém melhor.

Para e pensa, vai! Você também fraquejou, me magoou e se afastou. Mas eu não quero insistir em qualquer coisa que não seja amor, tá? Isso não é certo pra nenhum de nós, então achei digno abrir o jogo, colocar as cartas na mesa e saber de você, sobre seus sentimentos e o que fui ou ainda represento pra você.

Nesse tempo todo, o que será que criamos?! Cabe aqui uma cumplicidade, não acha? Nos conhecemos há tanto tempo, fomos parceiros e nos jogamos de mãos dadas. Só tenho o direito de saber o motivo de ter soltado a minha mão.

Não me deixe perdida no escuro, eu posso achar o caminho de volta sozinha, só tenho esperado suas palavras, mereço alguma. Independente de qualquer que seja sua explicação, eu te dou minha gratidão, afinal fomos felizes e eu to mais esperta pra vida, aprendi muito. Obrigada!

❁❁❁

JOANY TALON.
Pra quem acredita em horóscopo é Canceriana, nascida em Araruama no dia 15 de julho de 1986, assistente social pela Universidade Federal Fluminense, e agraciada por Deus pelo dom de transformar em palavras tudo que sente, autora dos livros “Cotidiano & Seus Clichês” e “Intrínseco” e co-autora no livro “Pequenices Diárias”

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 ❁ Ouça enquanto lê: Engenheiros do Hawaii - Somos Quem Podemos Ser  ❁

Cabelo repicado com as pontas cor de rosa, unhas de gel enormes e pontiagudas, piercing fake no septo. Tudo pronto pra postar a primeira selfie do dia. Alice, ou @aliunicornio como é mais conhecida na internet, acumulava seguidores em suas várias redes sociais. A cada postagem, eles triplicavam como uma mágica. Nem Alice sabia de onde exatamente surgia tanta gente nova.

Separou um livro que não estava lendo, mas tinha uma capa dura bem bonita que ia combinar com sua caneca descolada. Encheu de café pra preparar o cenário da foto "perfeita". Alice nem sabia fazer café muito bem, ficavam sempre intragáveis e eram descartados depois do clique.

Muita gente do outro lado do smartphone, daria tudo pra ter a vida de Alice, sem imaginar que não era absolutamente nada daquilo. Nem ela queria ser quem era, por isso se escondia atrás do username e tantos outros apetrechos. Era um perfeito personagem de si mesma.

Recebeu uma proposta financeiramente tentadora para fazer o seu primeiro "publi post". Ou seja, aproveitar o número de seguidores pra fazer propaganda de determinada marca e ganhar uma boa grana. Para isso teria que usar uma série de sandálias de plástico de uma marca que sempre detestou. Elas machucavam o dedo mindinho, conseguiam arrancar até o esmalte mais velho das unhas do pé e sem contar que dava chulé pra caramba. Mas eram lindas, coloridas e enlouqueciam o público teen. Alice não tinha nada a perder e acabou topando. Seria como fazer o que já faz todos os dias, só que dessa vez ganhando — e muito bem — pra isso.

Os posts bombaram. Alice tinha realmente jeito pra coisa. E depois dessa, veio uma outra proposta de uma nova marca, mais outra e assim por diante. O que era um passatempo pra Alice, virou o seu mais novo "ganha pão". As propostas de viagem eram muitas e, por isso, ela teve que trancar a faculdade de Direito — que já detestava mesmo e fazia por obrigação —.

Dona Telma, a mãe de Alice, se preocupava com o futuro da filha, mas não negava que desde que essa reviravolta começou, as contas em casa deixaram de ser um problema. As duas viviam sozinhas e não podiam contar com a pensão do pai que só aparecia vez ou outra. Dona Telma era diarista, conseguia até um dinheiro considerável, mas pra isso trabalhava exaustivamente. E Alice cursava direito, tinha só a sua bolsa e um estágio. Apesar de não entender muito a nova profissão da filha, agora elas podiam chegar no final do mês sem tantos apertos.

Mesmo com todo o aparente sucesso, Alice não era feliz. Quando sorria era para as fotos do instagram e ponto. Também não tinha muitos amigos, o que era irônico pela sua quantidade imensa de seguidores. Os poucos amigos recentes que tinha feito na faculdade quase não apareciam mais. O mundo do Direito era muito distante da sua nova realidade, e a maioria deles já estavam na fase antissocial do TCC.

Alice voltou de mais uma viagem de Londres patrocinada por uma famosa empresa de intercâmbio. Seu inglês estava em progresso e isso era o máximo que ela conseguia se interessar em estudar no momento. Colocou a mala em cima da cama e deitou-se por alguns segundos de olhos fechados. Ela adorava viajar, mas desfazer malas era o seu maior pesadelo. Aliás, até viajar não estava sendo tão empolgante como no começo. Antes era como um escape, agora nem isso funcionava mais. O cerco estava se fechando e Alice se via, vez ou outra, tendo que confrontar a si mesma.

Sentou-se na cama e começou a encarar sua prateleira. Os livros eram tantos que não cabiam mais no móvel. Estavam perdendo sua função principal: decorar a parede. Resolveu separar então alguns para doar — até porque uma boa ação sempre dá ibope na internet. Começou a vasculhar um por um. Tinha alguns livros que ainda estavam na caixa. Abriu cuidadosamente a última embalagem que era presente de um leitor e estava guardada há meses — ou melhor, esquecida. Deu de cara com um livro de cor alaranjada e com um curioso bigode desenhado na capa. O título era "Toda Poesia" e o autor Paulo Leminski. Pra ela, Leminski era tipo caviar, ela sempre tinha ouvido falar, mas nunca experimentado. Começou a folheá-lo aleatoriamente e deparou-se com o poema "Se incenso fosse música".

"Isso de querer ser
exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além."

Alice parou nesses primeiros versos. Dessa vez não por desinteresse, mas porque tais palavras falaram com ela de maneira inesperada. Seus olhos já cansados com o fuso horário, pesaram ainda mais. De repente uma lágrima brotou como nascente em suas pupilas e se alojou ali, meio sem força para desaguar pelo rosto. Naquele momento, ela sentiu uma espécie de saudade da sua vida offline. Saudade de não ter que mecanizar todo o seu dia em uma linha do tempo. Saudade de não ser vista como uma vitrine virtual apenas.

A lágrima caiu em câmera lenta sob a página, molhando levemente as letras daquele poema. Se Leminski estivesse vivo, diria que elas vieram pra regar as hortênsias e gardênias que moram naquelas linhas escritas por ele. Alice fechou o livro, o encarou como se fosse gente e depois apertou contra o peito — simulando um abraço. Dessa vez, as lágrimas caíram mais leves e Alice chorou compulsivamente — como se tivesse lavando a alma.

❁❁❁
SUÉLEN EMERICK.
24 anos. Brasiliense que vê poesia no cinza do concreto. Jornalista que escreve por/com amor. Uso vírgulas e crases imaginárias pra contar histórias, e o coração pra vivê-las.

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Além de namorados, éramos bons amigos, pouquíssimas coisas tiravam nossa inquietude, éramos cúmplices. Algumas vezes perdíamos a paciência, mas quem não perde?

Éramos conectados, nos entendíamos através de um olhar. Lembro-me das noites em claro quando um sentia uma simples dor de cabeça. Chegávamos cansados do trabalho e a bagunça da casa nos esperava, mas bom mesmo era deitar no sofá, comer um brigadeiro, e assistir a um filme bem descontraído.

Certa noite chovia e trovejava — eu sempre tive medo v e ele me tranquilizou, fez juras, prometeu estar sempre ao meu lado. Para ser sincera, nunca gostei de promessas, sempre tive medo do futuro e de algumas tramas da vida, mas, tudo bem, o momento parecia oportuno.

Lembro-me da vez em que ele esqueceu a chave no trabalho e ficamos um bom tempo esperando o chaveiro, acho que fiquei nervosa e acabei sendo grossa, mas ele, sempre calmo, falou palavras doces, tentou melhorar a situação, mas nada adiantou. A noite foi tensa e, pela manhã, acordei mais calma. Pedi desculpas. Ele, mais uma vez, abriu os braços e me acolheu.

Se tinha uma coisa que acho que nós não imaginávamos era a separação, éramos unidos, a letra e a melodia, a linha e a agulha, o queijo e goiabada, éramos um só. A nossa relação era intensa, quente e verdadeira. O respeito era primordial, sabíamos respeitar o espaço de cada um, e ainda que dissessem que casal não precisa ter privacidade, nós discordávamos, pois cada um precisava do seu momento de reflexão.

Uma viagem e tudo poderia mudar, ou não?

Vi-me insegura, chorosa pelos cantos, o medo do futuro aparecia constantemente. E se as juras dele fossem por água abaixo? Ele sempre deixava de pé as suas promessas, declarava o seu amor e cumplicidade, Certa noite, tive um sonho estranho, ele partia e não me procurava, mais uma vez o meu medo de promessas apareceu.

O sol raiou, já era o momento de uma conversa. Ele ficaria seis meses em outro estado, era uma ótima oportunidade para ele, estaria abrindo novos horizontes e fazendo o que mais amava. Ele me deu injeções de ânimo, começamos a lembrar dos motivos que nos tinham mantido firmes até então, quais eram os nossos planos, sonhos e desejos, e até quais os nossos medos, para que pudéssemos trabalhá-los.

Os seis meses foram intensos, nos falávamos todos os dias, mantínhamos o nosso respeito, amor e cumplicidade, mesmo distantes. Esses meses serviram para que eu acreditasse no nosso amor,  companheirismo e na certeza de continuar lutando e acreditando juntos.

Quando nos reencontramos, tivemos mais certeza do que queríamos. Queríamos dividir uma vida inteira, sabedoria para lidar com as tramas da vida e muito amor para exalar no mundo. Éramos um só, a nossa ligação era mais que carnal, havia muitos sentimentos ligados. Almas que se conheciam e se reconheciam a cada novo olhar.

❁❁❁

KAL LIMA.
Poetisa, uma baiana com a alma no mundo e os pés em um rincão incrustado no Sertão. Sou uma garota-mulher apaixonada pelos encantos que o amor traz. Falo muito, sinto muito, nas palavras encontro o meu cais, é o meu jeito de transbordar.


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Na verdade, acho que nunca deixei de ser. Ainda sou parte daquele romance precoce que tivemos, sou pedaço daquela esquisitice sentimental, daquele amar sem nem saber qual é a do amor. Eu ainda sou nós dois com as mãos entrelaçadas, marcando um futuro no calendário da esperança. Ainda sou aqueles planos mesquinhos que a maturidade não deixa mais inventar, sou a gente enrolados nos lençóis com pizza e pipoca, falando bem e mal dos protagonistas na televisão.

Eu ainda sou nós dois nos pingos de chuva que deslizam pela sacada — e brincam de fazer música estalando com pausas no chão. Ainda sou nós dois nas noites quentes de verão, onde a insônia insiste em se fazer presente, ao estender da madrugada, no aroma salgado de suor misturado com o teu perfume barato — que eu nunca esqueci — ao fim de um beijo longo. Ainda sou esse amontoado de sentimentos aprisionados num coração frágil e retalhado que não encontra o seu valor.

Não deixei de ser aquela que se importa e sente muito mais do que, de fato, realmente deveria. Ainda sou a garotinha sensível que doa amor, sem se importar com o que pode ser retribuído. A mesma dona de loucuras ridículas, por quem não faria algo que sequer soasse normal. É. Ainda sou nós dois nas brincadeiras infantis, nas gargalhadas livres de obrigações, no tempo em que a maior preocupação era quantas horas ainda faltariam para podermos nos ver novamente.

Eu ainda sou aquela boba que dividia o banco da praça, para flertar como um pedreiro e achar tudo aquilo bonitinho, apesar de ridículo. Ainda sou nós dois, a mesma apaixonada pelo teu sorriso traiçoeiro, pela merda que era sentir aquela cócega gostosa, da tua quase-barba, na minha bochecha. Ainda sou nós dois, ainda sou esse sentimento brega que não se dissipa de forma alguma. Essa coisa que não sai de mim passem mil anos, essa mania idiota de permanecer no que já foi há tempos. Ainda sou o fóssil desse romance inacabado que insiste em me fazer encontrar vestígios.

Ainda sou o dedo enrolado no teu cabelo molhado cheirando a xampu, logo depois do banho, sou a carícia pelos ossinhos da tua coluna que te arrepiava o corpo todo. Sou o beijo inesperado que te deixava zonzo no meio da noite, o corpo que se encaixava perfeitamente no teu abraço. Sou o sorriso entre um beijo tímido que deixava o ar tão mais leve e o exato segundo ainda mais significante. Ainda sou nós dois do jeito mais errado que eu posso enxergar, ainda sou momentos que minha mente não quer abandonar.

Eu ainda sou nós dois e às vezes isso parece bom, mas na maioria eu queria é exterminar os seus pedaços de mim. Queria poder apertar uma tecla e deletar sua existência e todas essas lembranças boas que me atormentam, queria não ser nós dois. Às vezes queria mesmo deixar de ser o que já foi faz tempo. Só que eu ainda sou nós dois e, na real, a verdade verdadeira é que, bem no fundinho, eu espero nunca deixar de ser.

❁❁❁
GABRIELLE ROVEDA.
1997. Escritora de gaveta, bailarina por paixão, sonhadora sem os pés no chão e modelo só por diversão. Do tipo que vive mais de mil histórias pelas páginas dos livros, daquelas que quer viajar o mundo só com uma mochila nas costas, do tipo que acredita no amor a todo custo e dispensa de imediato pessoas sem riso fácil. Não sabe fazer nada direito, mas insiste em acreditar que o impossível é só uma daquelas palavras que vão cair em desuso e se vê tentada a tentar de tudo. Viciada em café e em escrever cafonices sobre si e o amor sem dizer nada ao certo.

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Ei, garota dos olhos afoitos, não pressione o amor. Acalma o teu coração. Não é jogando ameaças ao vento que você vai convencer o destino de que está pronta para viver um grande romance. Tudo tem seu tempo. Não adianta ficar roendo as unhas; remoendo desamor; choramingando pelos cantos.

Aproveita esse intervalo sozinha para cultivar o amor-próprio, descobrir sabores e sensações. Aproveita para cometer uma loucura, viajar para Amsterdã na primavera e pular carnaval em Salvador. Só, por favor, não estacione. Não pare de dançar. Não espere o amor da sua vida sentada, olhando para as paredes e reclamando a falta de sorte. Vai para o meio da pista e faça teu vestido girar até amanhecer.

Esqueça das horas. Solta a voz no karaokê. Assista uma comédia enquanto se empanturra de pipoca doce e mata a sede com cerveja. Pinta o cabelo de ruivo; loiro; preto; cor-de-rosa; da-cor-que-quiser. Muda de casa. De roupa. De opinião. Escuta Caetano; Safadão; Sandy e Junior. Mistura o doce com salgado. Os amigos do cursinho com os de infância. Se divirta; se permita; sorria, moça do nariz pequeno.

Quando você aprender a ser feliz sozinha, o universo vai te surpreender com alguém de alma bonita. Alguém para somar as alegrias, dividir as tristezas e as dívidas. Dormir de conchinha. Te chamar de linda, mesmo sem maquiagem e dentro daquele pijama rasgado que você adora. Alguém que vai te dar colo e chocolate quando estiver carente. Que vai ser teu fiel companheiro.

Calma moça, respeita o tempo. Não fica caçando amor nas esquinas, deixa que ele te encontre na fila do pão. Na biblioteca pública. No metrô. Na missa do galo. No balcão do bar. O acaso pode até se atrasar, mas quando chega não dá ponto sem nó — transforma o encontro em poema e o eterniza.

Não aceita qualquer coisa por medo de não conseguir nada. Qualquer coisa não é suficiente. Qualquer coisa não rende. Não satisfaz. Fere. Prende. Suga a energia. Qualquer coisa é desperdício de tempo — e tempo a gente não dissipa. Deixa acontecer naturalmente, cada coisa no seu momento. Não se prive, VIVA. Aguarde aquele que ganhará o céu com você; que será teu melhor amigo; o teu AMOR. Mas, aguarde dançando; sorrindo para o céu; tomando sorvete de pistache; lendo um livro.

❁❁❁


KAUANE MELLO

Vivo com a cabeça no mundo da lua e o peito na palma da mão. Me atraso com facilidade para os compromissos, mas tenho pressa de viver. Sou sagitariana — sincera, aventureira e piadista. Mais menina que mulher. Mais criança que adulto. Mais maluca que você imagina. Sorrio sem motivo, me distraio com as estrelas e me desmancho pelas miudezas da vida. Aspiro conhecer os mais diversos lugares do mundo, mas decidi começar pelo coração.
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❁ Ouça enquanto lê: One Direction - Little Things ❁

Sabia que você sorri enquanto dorme? Sempre me pergunto se está sonhando, ou se percebeu que eu estava te olhando. Sim, eu te olho enquanto você dorme. E é definitivamente uma das melhores partes de dormir com você. Acordar e te observar enquanto dorme. Ver esse sorriso de leve que surge em seus lábios, enquanto você se reconforta em seus travesseiros. Sei o quanto você gosta deles, e prefere dormir no meio de tantos.

Sei também que você é muito espaçosa, por isso prefere não dormir de conchinha ou qualquer coisa assim. Você gosta do seu espaço. E eu gosto de te ver no seu espaço. Tão grande pra você, mas também tão pequeno pro tamanho de sua alma.

No canto da cama vejo sua tão amada xícara de chá, presente que seus pais trouxeram da última viagem deles. Chá de camomila é o seu preferido pra dormir, e de hortelã ao acordar. Deve ser por isso que seu sono é sempre tão sereno. Nem parece que você está ficando louca com os prazos da rotina.

A luz do sol que entra pelas gretas da janela deixa à mostra como seus cabelos mudam de cor de acordo com a luz. Tão claros à luz do sol e tão escuros sem ela. Mas tão lindos sempre. Esparramados no travesseiro, soltos depois do banho e presos quando está concentrada.

Eu já disse o quanto você fica linda de pijama? Sei que é sua roupa preferida, sua calça legging e a blusa daquele pijama que sua vó te deu tamanho XG. Sei também que você não trocou por um tamanho menor por se sentir mais confortável em roupas largas. E mais bonita também. Mas preciso te dizer: você fica linda de qualquer jeito. Seja no seu pijama XG ou no seu jeans 38 que você se contorce pra entrar.

E são todas essas pequenas coisas que me fazem te amar tanto. E me fizeram atrasar pra sair. Fiquei te observando e escrevendo esse bilhete aqui pra deixar seu dia mais feliz. E não vai ter implicância de chefe que vai tirar essa felicidade de mim. Felicidade de dividir meus dias e noites com você.

Um beijo.

❁❁❁
MARINA COUTO.
21 anos, estudante de Letras, forrozeira e apaixonada por palavras. Escrevo pra me sentir livre, não tenho destinatário certo, acho que assim fico mais desapegada e escrevo Com a alma. Gosto de escrever para as outras pessoas saberem que não estão sozinhas. Quem vai ser meu interlocutor? Quem ler decidirá se aceita ser ou não. Se você se identificar, é um novo interlocutor, escreverei pensando que não estou só. Escreverei pra nós

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Histórias lindas e encantadas. Príncipes, cavalos, donzelas indefesas, o aguardado beijo, madrastas, carruagens. Já conseguiu imaginar esse cenário? Pois é, muitas histórias que nos acostumamos a ver na infância são compostas por vários destes elementos, mas inocentemente fomos acreditando que essa era a realidade que encontraríamos mais tarde na vida, e passamos a sonhar com os tais príncipes a cavalo e as princesas indefesas como parceiros e parceiras ideais.

Inexplicavelmente fadamos todos os nossos relacionamentos ao fracasso.

Quem de nós, mortais, poderá encontrar um príncipe ou princesa de verdade e viver um conto de fadas? Eu me arrisco a dizer que essa probabilidade é mais que mínima, é impossível. Não estou sendo pessimista — e está muito longe de mim a descrença no amor —, mas cresci e percebi o quanto eu esperava o impossível e anulei algumas possibilidades de “dar certo”, ainda que de forma passageira. Eu esperava demais, muito mais, de cada um, enquanto eles eram apenas homens, humanos, gente de verdade. E gente real falha, erra, é imperfeita, não usa carruagem, não guarda o sapatinho perdido, não dá o beijo inesperado que faz a maçã envenenada ser expelida.

Aprendi, com sacrifícios, que o príncipe na verdade é tão humano quanto eu, e está em qualquer lugar, até onde não se pode esperar. O verdadeiro amor está no cotidiano, na vida real que vivemos. Mas meu aprendizado foi doloroso, por que precisei sofrer para perceber e conseguir abrir mão das inúmeras expectativas que carreguei comigo. E tão logo despertei e me desliguei desse peso, tudo ficou mais leve, mais sereno, e com mais gosto de vida.

A partir desse momento, encontrei pessoas reais, com tantas dores e loucuras quanto eu, dispostas a quebrar a cara, mas ainda assim acreditar e arriscar. Acima de tudo, encontrei um amor de verdade, desses que não costumamos ler nos contos de fadas, mas nas linhas e entrelinhas que nós, plebeus, vivemos.

Por isso: despertem! A vida está no doce despertar do que é palpável. No final das contas é de gente que a gente precisa. Sem mais nem menos, nem por quês. Caia do cavalo, jogue os sapatos fora, corte as tranças, troque a maçã pelo hambúrguer, enfrente a “bruxa”, saia do castelo, mas não deixe de viver o que é real. E saiba que ninguém irá lhe salvar, porque isso só pertence a você. Descubra seu próprio conto, que pode não ter fadas, mas é seu.

❁❁❁
MAGDA ALBUQUERQUE.
Magda Albuquerque. 26 anos. Prolixa. Psicóloga. Mistura realidade e fantasia em um encontro com a sua criatividade. Sempre em busca de tornar os dias mais leves com uma palavra ou outra, tentando organizar o próprio mundo. Escreve para organizar o próprio mundo, com a missão de colorir a vida - a sua e de todos.

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Ela acordou.

Olhou para o lado e apenas viu o vazio. Levantou-se, mas nem acendeu a luz. Já fizera esse caminho no escuro tantas vezes que não corria o risco de tropeçar em alguma coisa. Eram cinco da manhã. Há semanas que ela não conseguia dormir direito, talvez fosse o vazio, talvez não.

Foi na cozinha, ligou a cafeteira e foi tomar banho. Demorou o que parecia horas debaixo do chuveiro, colocou a primeira roupa que achou no guarda-roupa e, quando olhou no relógio, ainda eram 5:30 da manhã.

Tomou o seu café lentamente, checou os emails, respondeu alguns, ignorou outros. E nada do tempo passar, ainda faltava muito até às 9 horas — horário que tinha que chegar no trabalho. Então lembrou-se de que era sábado, seu dia de folga. Um dia que ela vinha evitando; sempre arrumando algum trabalho, alguma ocupação que a fizesse esquecer que dia da semana era.

Voltou ao quarto e dessa vez acendeu a luz. O quarto parecia mais vazio apedar de quase não ter espaço ocioso nele, mas apenas parecia que algo não estava.

Sábado. Este já era o quinto sábado, este ela já não tinha desculpas para fugir da realidade. A dura realidade, a de que não iria tomar café no parque, de que não iria assistir filme e tomar um vinho, ou de sair apenas para "tomar um ar".

Ela poderia fazer tudo isso, mas já não teria o mesmo significado, a mesma "magia" de antes.

Ela tentava não pensar, não pensar que estava sozinha. Tudo bem que ela tinha os amigos, os familiares, os colegas, os vizinhos, ela tinha todos de quem precisava naquele momento e até alguns a mais. Mesmo assim ainda faltava algo, uma parte que nunca mais poderia voltar.

Cinco sábados. Esse era o número de sábados desde que ele partiu. E hoje, ela apenas se sentiu sozinha, olhou o porta retrato dos dois. Apenas olhou, apagou a luz e saiu.

                                                 ❁❁❁
TAMARA PINHO.
Jornalista por amor (e formação), mineira, e sonhadora como uma boa pisciana. Vivo na internet, então é fácil me achar. Acredito que a escrita é libertadora e nos possibilita viver em diversos mundos ao mesmo tempo.
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Ei, acorda pra vida! Você é incrível, inteligente e tem tudo pra ser feliz ao lado de quem realmente te faz feliz de verdade. Esquece quem já te esqueceu. Eu sei que na teoria tudo parece funcionar, mas se não houver prática não tem jeito. Você merece alguém que chegue pra ficar, que te lembre sempre o quanto seu sorriso é lindo e é um dos motivos que fazem com que ele sorria junto.

Você precisa de alguém que te faça sentir especial e única. Que valorize a sua presença e reforce sempre o quanto é bom ter você do lado. Alguém que retribua os seus carinhos fora de hora, que te faça viajar sem sair do chão, que te impulsione a ser melhor cada dia mais. Alguém que valorize a sua gargalhada gostosa que ecoa por todo canto, que segure a sua mão e te apresente para o mundo. Você precisa de alguém que fique, que te abrace forte quando um pesadelo vier te perturbar no meio da noite. Alguém que ame também os seus defeitos, e que ao invés de te apontar, ria da situação e demonstre o quanto você é maravilhosa por ser tão imperfeita e estar na dele.

Você não precisa de muito pra se fazer feliz. Também não precisa por perto quem só olha para sua bunda, sem perceber que quando você está feliz seus olhos sorriem junto.

Não sofra atoa. Não entregue de bandeja a vontade de ter do lado alguém que cuide de você, do jeitinho que merece. Não desacredite. Não é porque não deu certo com um, que todos os outros serão iguais ou piores. Se permita, se reinvente. Não sofra sem necessidade e, por favor, retribua o amor que você recebe. 

Desamarra essa cara. Retribua o ‘’bom dia’’, seja gentil e não mergulhe novamente nessa insegurança que é de não ter encontrado alguém que mude o seu status, humor e principalmente a sua rotina de vida.

A vida é feita de reciprocidade. E pra valer a pena é preciso ser bom para os dois. Ninguém sustenta um amor sozinho e carrega, por muito tempo, algo que não vem para somar. Se ame primeiro. Descubra suas necessidades e o que você realmente quer pra si. Não pule etapas e nem banque a desesperada que precisa urgentemente de alguém pra acabar com a carência e o vazio que o outro deixou.

Seja seu foco e o amor que você precisa. Coloca pra jogo esse amor próprio, se ame quantas vezes forem necessárias. Pense no outro, e não faça com ele o que você não gostaria que fizessem contigo. Amor tem que ser além do status nas redes sociais e trechos de músicas para ilustrar fotinhas de um final de semana intenso de vocês dois.

Esquece o príncipe encantado. Se te tratar bem e não for um dos babacas que já passaram em sua vida, você pode apostar e se render à nova paixão. Mas vá com calma, pra não se frustrar. Não crie expectativas demais, porque de início tudo são flores, depois que o calo aperta, você descobre quem é quem de verdade. E pode não ser o que você esperava. Tenha calma!

Não migalhe por atenção, carinho, afeto e o que quer que seja. Se não te der valor, vai ter outro que vai dar, então cai fora enquanto existe tempo. Não dá para apostar em alguém que não te faz feliz por inteiro, certo? Ah, anota aí para não esquecer: não sofra por quem não merece o que você tem de melhor. Essa fase já passou. Melhor sozinha do que infeliz.

❁❁❁
ROGÉRIO OLIVEIRA.
Escritor, publicitário, boêmio, amante da fotografia e da vida. Perceptivo e leitor de sentimentos alheios.

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O dia em que te vi e não reconheci o riso que alegrou meus dias por tanto tempo.

Ainda lembro de ver você virar a esquina e não se dar conta de que já viramos essa mesma esquina juntos muitas vezes, já paramos nela, inclusive. Sentamos naquela mesinha ali do canto, compartilhamos uma cerveja e alguns segredos intimistas, dores, amores e amigos. Lembra quando te apresentei aos meus amigos aqui mesmo? Neste bar? Agora tu passa por ele e nem percebe que o bar fechou, a mesinha se foi, a esquina mudou de cor e só os semáforos permanecem com nossa lembrança. Foi tudo o que restou!

Passa, o sinal está aberto! Tá verde pra você seguir. Eu ainda fico aqui te olhando ir e te desconhecendo cada vez mais. Será que ainda curte Kings of Lion? Friends, terminou o curso de inglês que cê achava tão chato? Será que você ainda dorme no meio dos filmes e alguém — que não sou eu — te cobre com aquele edredom que tinha o nosso cheiro?

São tantas perguntas que até um cego pode ver que nos perdemos um do outro ao virar a mesma esquina.

Ainda lembro do dia em que te desconheci. Foi naquela segunda-feira fria de inverno, quando você atravessou a Avenida Paulista chorando e eu nada fiz, te deixei ir achando que um dia voltaria. Mas você não voltou. Mudou o estilo de roupa, cortou o cabelo e pintou as unhas de vermelho. Não te reconheci assim tão confiante, sem precisar de mim ao teu lado.

Naquele dia eu te perdi. Agora a gente se esbarra naquela que um dia foi a nossa esquina, mas hoje não é mais. Você nem lembra do babaca que eu fui. Se lembra, desconhece quem sou hoje.

Foi um prazer te desconhecer e ver você seguir em frente. Foi bom pra gente. Hoje você é mais independente e eu mais maduro e consciente de que toda mulher merece respeito. Hoje eu não te conheço, mas reconheço os erros que cometi. Obrigado pelo ensinamento. Vai na boa, a gente tá bem!

❁❁❁
JÔ LIMA.
Uma eterna nômade, facilmente encontrada em livrarias e sebos, que vive arrumando a mala sempre que pode e afirma com todas as letras que o amor é o único sentimento que não some do mapa. Se apaixona por estranhos no metrô e ama bandas que ninguém conhece. Trocou o verão do Maranhão pela garoa de São Paulo, percebeu que ser gente grande é complicado e por isso leva a vida com um jeito de menina, sempre que pode se refugia em um mundo paralelo de séris, filmes e Jeunet, livros de Fante e brigadeiro. Acredita ser jornalista e trabalha com marketing, é autora de livros infanto-juvenis e dá conselhos amorosos em mesas de bares da metrópole.

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Engraçado como nosso tempo é sempre certo.
O baque demora, mas sempre vem na hora que deveria vir.
Gera certa dependência esperar pela dose.
Mas com o tempo a gente entende.

Já dirigi por algumas horas tentando te achar.
Sua silhueta surge em algumas sombras.
E nessas horas eu sento você respirar.
Da para ver você desviando o rosto.
Tentando não apresentar dependência.
Fingindo não se importar.
E me dando indiretamente o que eu não poderia ter.

E lembrando disso agora, não sei dizer se foi ontem ou há um mês.

E de volta à rotina com garrafas no lixo, roupas limpas e cinzeiros vazios, a única coisa que conforta até a próxima dose é a certeza que sinto debaixo da minha pele que você irá envelhecer, que eu irei envelhecer, mas que nós jamais envelheceremos.

❁❁❁

HELIARLY RIOS.
É um amante. De política, economia e futebol. É um apaixonado por F1 e NFL. Garante o pão de cada dia e um teto para descansar trabalhando como analista contábil. Seu único amor é escrever de forma irresponsável e livre de culpa. O resto são paixões.


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— Açaí ou sorvete?
— Açaí. Com cupuaçu, óbvio.
— Pipoca de panela ou microondas?
— De Panela. Com certeza e com manteiga.
— Doce ou salgado?
— Doce. Mil vezes: doce!
— Praia ou cachoeira?
— Cachu.
— Woody Allen ou Almodóvar?
— Woody Allen!!

Daniel e Juliana estavam numa fase muito gostosa do relacionamento. Prestes a completar um ano de namoro, já conheciam as manias e preferências um do outro. E adoravam fazer esses joguinhos de perguntas — e tantas outras brincadeiras bobas que só os dois entendiam. Sabe aquele casal bonito de se ver? Que a gente olha na esquina da rua gargalhando um pro outro e pensa: "Esses aí vão ser felizes pra sempre". Ou simplesmente aquele casal que ainda enche nossos olhos e dá uma pitada de esperança que o amor ainda existe, mesmo nesse mundo de desapego. Parece até aqueles casais de seriado ou de comédia romântica que a gente acha que é só ficção — até viver um.

O começo não foi tão fácil assim. Tinha insegurança e ciúme de ambos que vieram de uma série de relacionamentos fracassados. Abro um parênteses aqui, porque lembrei do meu diálogo preferido do livro "As vantagens de ser invisível":

— Por que pessoas boas namoram pessoas ruins?
— Nós aceitamos o amor que achamos merecer.

Taí, muita gente boa não sabe que é tão boa assim. Aí se mete em relacionamentos meia boca e quando encontra alguém legal, se fecha por receio de sofrer e deixa passar. Ainda bem que Daniel e Juliana não seguiram essa regra do coração partido. Se tem algo que eles sempre fizeram desde o primeiro dia que se encontraram foi ser quem eram. Sem máscaras. E não é que os dois combinaram de ser assim, mas a identificação era tanta que a transparência veio sem escolha. Os dois com suas dores passadas, mas quando viram já estavam tentando outra vez. Bateu de primeira. E existe esse tal de amor à primeira vista?

Dani e Júlia costumavam dizer que se apaixonaram desde o primeiro encontro, mas não sabiam disso. Os dois, anteriormente, achavam a maior furada do mundo esse papo de amor à primeira vista. Coisa de filme açucarado e com o roteiro fraco. Mas hoje admitiam que com eles aconteceu. Quando se olharam, algo diferente os invadiu. A gente às vezes tem medo de dizer que é amor, principalmente quando fomos machucados antes. Mas não tem jeito, o amor é algo que não se confunde com outro sentimento qualquer. A gente pode sim amar de primeira e continuar se apaixonando todos os outros dias. Juliana por exemplo, se apaixonava todo dia quando Daniel fazia aquele macarrão com salsicha pra esperar ela chegar do trabalho. Daniel se apaixonava, ainda mais, todos os dias em que Juliana escrevia algum texto novo ou, sei lá, simplesmente dava aquele sorriso solar que só ela tinha.

Tem quem não se apaixone logo de cara, e acredite que o amor vem aos poucos. Também é possível, também é bonito, também é amor. Não deixa de ser. Não existem regras pra amar, afinal o amor não é um jogo. É justamente esse o ponto crucial. O amor não é uma partida (em nenhum dos sentidos da palavra) e não deve ser tratado como uma. Daniel e Juliana resolveram não jogar um com o outro desde o começo, entraram em campo de cara limpa, apesar de no coração ainda ter umas marcas. Hoje, eles faziam jogos sim. Como, por exemplo, guerra de cócegas e quem perdia lavava a louça do jantar. Geralmente Juliana perdia. Também brincavam de adivinhação da cor de lingerie e quem perdia arrumava a cama na próxima manhã. Geralmente Daniel perdia.

A intimidade dos dois era tanta que quem não os conhecia achava que já estavam juntos há muito mais tempo, desde a adolescência. Mas não, essa é a vantagem de assumir que é amor e se entregar com tudo. A gente não perde tempo tentando se convencer que não é, tentando relutar contra o sentimento. Pelo contrário, a gente ganha tempo aprendendo sobre o outro, conhecendo e amando sempre um pouquinho mais. Às vezes odiando um pouco também. Principalmente quando Daniel fica monossilábico, né Juliana? Ou quando Juliana chora exatamente por tudo, né Daniel? Essas coisas acontecem. Nem tudo são flores. Mas tudo bem, Ju não gostava mesmo de receber buquês. Daniel já aprendeu que pra agradá-la precisava mais do que presentes previsíveis.

Se você anda meio descrente do amor e tá lendo esse texto, deve estar pensando que não é tão simples assim, né? Se você já se entregou várias vezes, mergulhou de cabeça e acabou se machucando, vem cá. Eu sei o quanto dói. Mas quando chegar a hora, você vai mergulhar de novo, e dessa vez não vai te faltar o ar. Relaxa, essa hora vai chegar e você vai saber exatamente quando. Você vai sentir. A reciprocidade ainda existe, mas é rara. Afinal, o amor só é verdadeiro e saudável se a tiver em sua composição. Com o amor não se brinca, e quando se acha alguém especial, não compensa jogar fora.

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SUÉLEN EMERICK.
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